Trump aconselha o uso de máscaras
CORONAVÍRUS Recomendação é para americanos usarem proteção ao saírem às ruas
WASHINGTON – O presidente americano, Donald Trump, anunciou ontem novas recomendações do governo para que todos os americanos usem máscaras ao saírem às ruas para conter a disseminação do novo coronavírus. Trump disse durante coletiva de imprensa na Casa Branca que o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) encoraja as pessoas a usar qualquer cobertura facial, como echarpes, com esta finalidade, para manter as máscaras cirúrgicas livres para os profissionais de saúde.
“Vai ser realmente uma coisa voluntária”, ressaltou. “Vocês não precisam fazê-lo e eu estou escolhendo não fazê-lo, mas algumas pessoas podem querer fazer e tudo ok”, acrescentou.
O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, fez uma recomendação similar na quinta-feira aos moradores da cidade. O CDC insiste na necessidade de cobrir o rosto quando se sai para fazer compras, quando é difícil manter o distanciamento social. E publicaram um estudo que destaca casos de transmissão do vírus em Singapura por pessoas assintomáticas.
A medida representa uma mudança, pois as autoridades vêm dizendo durante semanas, com base em recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do CDC, que não era necessário usar máscara a menos que a pessoa tivesse sintomas de coronavírus.
PELO AR
A recomendação veio depois que o doutor Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Doenças Infecciosas e conselheiro do presidente Donald Trump durante a pandemia, afirmou no canal Fox News, ontem, que as informações indicam que “o vírus realmente pode ser transmitido inclusive quando as pessoas simplesmente falam, não apenas quando tossem ou espirram”.
As academias americanas de ciências detalharam em uma carta enviada à Casa Branca na quarta-feira vários resultados científicos preliminares. Os resultados inclinam a balança para a possibilidade de que o vírus seja transmitido pelo ar, e não somente pelas gotas expelidas em um espirro diretamente ao rosto de outras pessoas ou sobre superfícies (onde se demostrou que o vírus pode sobreviver por horas e dias, segundo o relatório).
“Os trabalhos de pesquisa disponíveis atualmente aumentam a possibilidade de que o SARSCoV-2 possa ser transmitido pelos bioaerossóis gerados diretamente pela expiração dos pacientes”, escreveu Harvey Fineberg, presidente do comitê de doenças infecciosas emergentes, na carta em nome das academias e revisada por muitos outros especialistas.
Em um estudo, pesquisadores da universidade de Nebraska encontraram porções do código genético do vírus no ar dos locais onde os pacientes estavam isolados. No entanto, encontrar essas partes do vírus não é equivalente a encontrar o vírus completo.
Enquanto isso, pesquisadores da universidade de Hong Kong observaram recentemente que o uso de máscaras reduzia a quantidade de coronavírus expirados pelos pacientes (em um experimento feito com outros vírus diferentes do SARS-CoV-2).
E pesquisadores chineses em Wuhan coletaram amostras de ar em diversas instalações hospitalares da cidade e descobriram concentrações altas do novo coronavírus, especialmente nos banheiros e nas salas onde os funcionários removem seus equipamentos de proteção.
Os novaiorquinos, no entanto, não esperaram as recomendações do presidente. Com bandanas camufladas e máscaras cirúrgicas ou artesanais, os moradores da Big Apple, no olho do furacão do novo coronavírus nos Estados Unidos, tentam se adaptar às novas recomendações de autoridades. Tudo serve para se proteger, e alguns até sugerem um sutiã cortado ao meio. Mitch Cassel, oftamologista de 64 anos que trabalha no Rockefeller Center, vestiu uma máscara ontem pela primeira vez, para ir ao banco e comprar comida. “A saúde é riqueza agora”, comentou, na fila de um mercado.