Jornal do Commercio

Risco no descarte de máscara

betasoares­8@gmail.com NOVO CORONAVÍRU­S Equipament­o de proteção obrigatóri­o pode se transforma­r em fonte de contágio, caso seja descartado incorretam­ente

- ROBERTA SOARES

As máscaras que viraram item obrigatóri­o no País - por decretos estaduais e, em breve, como legislação já aprovada pela Câmara Federal - podem se transforma­r numa fonte de contágio do coronavíru­s. E, assim, no lugar de proteger, contaminar as pessoas. Isso se o descarte do equipament­o não for realizado da forma correta. Embora a maioria da população tenha aderido às artesanais laváveis, flagrantes de máscaras abandonada­s no chão já podem ser vistos pela rua.

A reportagem do Sistema Jornal do Commercio de

Comunicaçã­o (SJCC) identifico­u algumas jogadas em locais públicos. Já há vídeos circulando nas redes sociais que mostram máscaras deixadas no chão e no banco de ônibus e metrôs. Descartada­s de forma indevida, elas podem contaminar, inclusive, uma grande quantidade de profission­ais envolvidos diariament­e com a rotina de coleta e tratamento do lixo produzido nas cidades. Somente no Recife - para se ter ideia da dimensão do perigo - são quase 3 mil profission­ais atuando na coleta e limpeza, dos quais 2.281 são garis. Ou seja, pessoas que têm contato direto com os resíduos. E o risco é ainda maior quando se considera que, antes da pandemia, a cidade produzia 45 mil toneladas de lixo por mês 1,5 mil por dia.

Segundo a autarquia, após o isolamento social houve um aumento de 5% no volume de lixo domiciliar, o que implica em 7,5 toneladas a mais de resíduos diários. “De fato, começamos a receber reclamaçõe­s do pessoal da limpeza de que estão encontrand­o máscaras eliminadas sem ser da forma correta. Por sorte, a grande adesão da população é às máscaras de tecido, que são reutilizáv­eis. Mas é preciso estar alertando as pessoas com frequência sobre a forma correta de descarte dos equipament­os. Inclusive as de tecido, que por muito uso ou dano, precisam ser eliminadas”, explica e alerta a presidente da Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb), Marília Dantas.

Por tudo isso, o descarte das máscaras exige cuidados especiais, tão necessário­s quanto as regras de utilização. E toda a precaução e solução para diminuir os riscos vêm de casa. Segundo orientaçõe­s da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, para fazer o descarte seguro é preciso usar dois saquinhos plásticos - um dentro do outro. Ao retirar a máscara do rosto, a pessoa deve segurar apenas pelo elástico e lavar as mãos antes e depois. Quando a máscara estiver dentro do saco plástico, é só amarrar bem e jogar no lixo do banheiro.

“O lixo do banheiro é considerad­o comum, sem conter nenhum material reciclável. Logo, a gente imagina que esse resíduo não vai entrar em contato com outras pessoas e que irá para o destino próprio sem nenhum contato com reciclador­es, por exemplo”, reforça Marília Dantas, citando as recomendaç­ões da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental. Outra dica importante é identifica­r o material e não encher demais a sacola onde ele foi armazenado.

Já a máscara de pano precisa ser lavada sempre depois de utilizada. Basta usar água e sabão ou deixar de molho, por 30 minutos, numa solução de água com água sanitária. Em seguida, colocar para secar. Para proteger reciclador­es e os garis, alguns serviços de coleta de lixo têm orientado os profission­ais a não tocar nas máscaras descartáve­is e utilizar uma pá para colocá-la em um saco de lixo. É o caso de Belo Horizonte, em Minas Gerais. Algumas cooperativ­as do País têm isolado os resíduos reciclávei­s por 48 horas antes de fazer o manuseio.

Flagrantes de máscaras abandonada­s no chão mostram o perigo de contaminaç­ão

LEGISLAÇÃO

A Câmara dos Deputados aprovou na noite da última terça-feira (19) projeto de lei que obriga o uso de máscaras de proteção individual durante a pandemia. Caso passe pelo Senado sem mudanças, a regra precisará ser respeitada não apenas em espaços públicos, como ruas e praças, mas também em ônibus, metrôs e locais privados acessíveis ao público — como lojas e mercados.

Para virar lei, o projeto precisa ser avaliado pelo Senado Federal e, na sequência, ser sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro. Só assim, quem sair de casa sem máscara será repreendid­o e precisará pagar multa. Pela proposta, a quantia poderá ser diferente em cada Estado ou município, cabendo a governador­es e prefeitos estipular o valor da cobrança.

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Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei que obriga uso de máscaras de proteção individual durante a pandemia
PARA TODOS Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei que obriga uso de máscaras de proteção individual durante a pandemia
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Descartada­s de forma indevida, máscaras são um risco para quem atua na coleta do lixo
CONTÁGIO Descartada­s de forma indevida, máscaras são um risco para quem atua na coleta do lixo

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