Fernando Castilho
Empresas estão se beneficiando dos juros de curto prazo da taxa Selic a 3%.
Embora a taxa Selic esteja em 3% ao ano, as empresas que estão tomando crédito para prazos mais longos já estão pagando IPCA+5% o que significa que a taxa dos contratos é perto de 8%. O movimento reflete as expectativas do mercado bancário quanto ao Brasil daqui a 10 anos, uma base para trazer a valor presente os valores dos contratos.
É um movimento inverso ao do começo do governo Michel Temer, quando a taxa Selic estava em 14% e os bancos cobravam juros de 6% nos contratos futuros.
Segundo o economista e partner da Mont Capital Asset, Thobias Silva, a elevação das taxas no futuro significa que o mercado bancário avalia que o Brasil estará mais fragilizado, mais endividado e com mais dificuldades nas contas públicas de modo que, em 10 anos, os empréstimos terão que pagar um prêmio maior.
O movimento ajuda as grandes empresas. Elas já estão se beneficiando dos juros de curto prazo da taxa Selic a 3% e que são as que estão fazendo as grandes operações – inclusive para capital de giro – exatamente por terem acesso privilegiado aos bancos. De uma forma geral, avalia Thobias Silva, as empresas com ações em Bolsa no Brasil estão se beneficiando dessas taxas. Primeiro porque a covid-19 chegou quando, de uma forma geral, as empresas da Bovespa estavam muito capitalizadas e, exatamente por essa condição, estão podendo captar em melhores condições de mercado. Os bancos são quem as procuram. É um quadro bem diferente das pequenas empresas, que sofrem até para ter acesso aos bancos e formularem seus pedidos.