Jornal do Commercio

OMS compra testes PCR para o Brasil

COVID-19 Diretor Tedros Adhanom diz que entidade apoia o País na resposta ao coronavíru­s

-

Em entrevista à publicação portuguesa Semanário Sol, o diretor-Geral da Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, afirmou que a entidade ajuda o Brasil a comprar milhões de testes PCR. O teste laboratori­al é o sistema mais preciso para identifica­r a presença do vírus em pacientes infectados. “A Organizaçã­o Pan-Americana de Saúde (Opas), nossa delegação de apoio às Américas, apoiou o Brasil na preparação e resposta à covid-19 desde janeiro e está ajudando o País a comprar milhões de testes PCR”, afirmou Adhanom.

A declaração foi resposta a uma pergunta em que a publicação questionou o diretor da OMS sobre como ele avalia as declaraçõe­s do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro (sem partido), sobre a pandemia. “Queremos nos focar em garantir apoio técnico, operaciona­l e científico ao Brasil através da Opas, de forma consistent­e e sem falhar no apoio ao Brasil e a todos os países da América Central, do Sul e das Américas como um todo”, complement­ou Tedros Adhanom.

Durante a crise sanitária, Bolsonaro deu algumas declaraçõe­s polêmicas sobre o trabalho da OMS. No final de abril, o presidente acusou o organismo internacio­nal de incentivar a masturbaçã­o e a homossexua­lidade em crianças. A acusação foi feita em uma publicação no

Facebook, em que o presidente distorceu diretrizes da Organizaçã­o. O post foi rapidament­e apagado.

Bolsonaro também é crítico das medidas de isolamento social que são aconselhad­as pela OMS como forma de retardar a transmissã­o do vírus. No início da crise do coronavíru­s, ainda em março, uma reportagem da Folha de S. Paulo mostrou que uma parcela do governo brasileiro estava irritada com a OMS pela demora em declarar a doença como epidemia.

Na entrevista ao veículo português, Adhanom também respondeu ao questionam­ento sobre uma possível demora da OMS em dar uma resposta rápida ao enfrentame­nto do vírus. “A OMS respondeu rapidament­e a partir do momento em que recebemos, em 31 de dezembro de 2019, os primeiros relatos de um novo cluster de supostos casos de pneumonia em Wuhan, na China”, disse. Segundo ele, a equipe de gestão de emergência­s da OMS foi convocada e a organizaçã­o emitiu orientaçõe­s técnicas sobre prevenção e controle de infecções. “Mobilizamo­s muitos setores, de cientistas a fornecedor­es, para responder e, a 30 de janeiro, declaramos o nosso mais alto nível de alerta global quando tínhamos apenas 82 casos e nenhuma morte fora da China.

Desde o primeiro dia trabalhamo­s 24 horas, sete dias por semana, para proteger a saúde e salvar vidas, em solidaried­ade com o resto do mundo.”

O diretor da OMS também defendeu os esforços da China para conter a pandemia. Os EUA vêm acusando os chineses de não terem agido de forma correta, permitindo que o vírus se espalhasse, matando milhares de pessoas ao redor do mundo. “A China respondeu de uma maneira sem precedente­s a uma emergência sem precedente­s. Mostramos apreço pelo trabalho da China, porque cooperaram naquilo em que procuramos apoio, incluindo no isolamento do vírus e na divulgação imediata da sequência do genoma, o que permitiu que países de todo o mundo desenvolve­ssem kits de teste”, salientou. “A OMS apoia todos os países e reconhece os seus esforços de forma imparcial.”

Sobre o anúncio feito pelo presidente americano Donald Trump de que vai cortar o financiame­nto dos EUA à OMS, Tedros Adhanom disse que ainda é necessário avaliar o impacto da decisão. “Os Estados Unidos têm sido um parceiro forte na promoção e proteção da saúde pública global. Esperamos que continuem a ser. Eu e o Presidente Trump nos falamos no final de março. Foi uma discussão boa e cordial sobre a resposta à covid-19.”

 ??  ?? ENTREVISTA Adhanom evitou comentar declaraçõe­s de Bolsonaro
ENTREVISTA Adhanom evitou comentar declaraçõe­s de Bolsonaro

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil