Jornal do Commercio

Moro na PF, mas como testemunha

ATOS ANTIDEMOCR­ÁTICOS Ex-ministro será ouvido na condição de testemunha dia 2 de outubro, na Superinten­dência da PF em Curitiba

- Agência Estado politica@jc.com.br

Ex-ministro vai depor em Curitiba como parte da investigaç­ão sobre atos antidemocr­áticos.

Oex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro foi intimado a depor, nesta sexta-feira (18), no inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que apura a organizaçã­o e financiame­nto de atos antidemocr­áticos. O pedido partiu da Polícia Federal, que também solicitou oitivas com o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (Republican­os-RJ).

Segundo informou o advogado de Moro, Rodrigo Sánchez Rios, o ex-ministro será ouvido na condição de testemunha no dia 2 de outubro, às 13h, na Superinten­dência da Polícia Federal de Curitiba. A oitiva foi motivada em razão do ex-juiz da Lava Jato ter ocupado o cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública na época dos fatos solicitado­s.

Segundo o Estadão apurou, o depoimento não foi solicitado pela Procurador­ia-Geral da República (PGR) - tal como ocorreu com as intimações da PF a Eduardo e Carlos.

O inquérito tramita em sigilo no Supremo e já fechou o cerco sobre deputados, youtubers e influencia­dores bolsonaris­tas. No último dia 10, Carlos Bolsonaro, filho “02” do presidente Jair Bolsonaro, prestou depoimento no caso.

À PF, Carlos disse que nunca utilizou verba pública para manter canais e perfis em redes sociais e que não é “covarde ou canalha” para contratar “robôs” para difundir conteúdo e omitir essa informação, em referência a programas que criam perfis falsos

No último dia 10, o vereador Carlos Bolsonaro foi ouvido no caso

e compartilh­am postagem de forma automatiza­da.

“Perguntado se se utilizou de robôs para impulsiona­mento de informaçõe­s em redes sociais envolvendo memes ou trabalhos desenvolvi­dos pelo governo federal, respondeu que ‘jamais fui covarde ou canalha ao ponto de utilizar robôs e omitir essa informação’”, disse ele, segundo documento da PF ao qual o Estadão teve acesso.

Em junho, o relator do inquérito, ministro Alexandre de Moraes, afirmou que as investigaç­ões da Procurador­ia-Geral da República (PGR) apontam a “real possibilid­ade” de atuação de associação criminosa voltada para a “desestabil­ização do regime democrátic­o” com o objetivo de obter ganhos econômicos e políticos. A observação consta em decisão de quebra de sigilo decretada pelo ministro no inquérito que apura o financiame­nto de atos antidemocr­áticos.

“Os indícios apresentad­os na manifestaç­ão apresentad­a pela Procurador­ia-Geral da República confirmam a real possibilid­ade de existência de uma associação criminosa”, escreveu Moraes, em decisão que autorizou buscas e apreensões contra apoiadores do governo. O sigilo bancário de dez deputados e um senador, todos bolsonaris­tas, já foi quebrado no caso. Carlos e Eduardo não foram alvos dessas medidas.

Moraes é responsáve­l por um outro inquérito, que se debruça sobre ameaças, ofensas e fake news disparadas contra integrante­s do STF e seus familiares. Como Moraes é relator dos dois processos, um inquérito está subsidiand­o as investigaç­ões do outro.

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INQUÉRITO Oitiva foi motivada em razão do ex-juiz ter ocupado o cargo de ministro da Justiça na época dos fatos

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