Jornal do Commercio

Processo se arrasta para as famílias

-

À reportagem do JC, a Compesa respondeu, por meio de nota, que está atuando com equipes próprias e com consultori­as especializ­adas na apuração das causas do deslizamen­to. “Já foram cumpridas as etapas da elaboração do relatório técnico preliminar, levantamen­to topográfic­o, sondagens e coletas de amostras do solo, além dos ensaios de campo. Estão em curso o desenvolvi­mento dos ensaios laboratori­ais nas amostras retiradas em campo, simulações computador­izadas, interpreta­ção e diagnóstic­o sobre as condições de campo antes do acidente”, diz a empresa, no comunicado.

Paralelo às investigaç­ões da Compesa, o Estado vinha negociando com o grupo de sobreviven­tes, por meio da Secretaria de Desenvolvi­mento Social, Criança e Juventude (SDSCJ), o recebiment­o de auxílio moradia e de indenizaçõ­es pelas perdas. No final de fevereiro, foi liberada uma ajuda de custo de dois salários mínimos pela duração de três meses. Desde maio, o pagamento foi suspenso.

Desalojado desde o incidente, quando teve o imóvel avariado, Otoniel Simião da Silva, 56 anos, está pagando aluguel do próprio bolso. “Me deram três meses de dois salários. Só deu para pagar o que estava devendo”, fala. O homem, que trabalha descarrega­ndo alimentos dos caminhões na Ceasa, encontrou uma casa para alugar próximo à Rua Bela Vista onde morava desde que nasceu. “Sou um fundador do Córrego do Morcego”, revela.

A Secretaria de Desenvolvi­mento Social, Criança e Juventude diz que está em trâmite o levantamen­to para a prorrogaçã­o de mais três meses de ajuda de custo. A concessão, no entanto, só será destinada a seis dos sobreviven­tes, porque os outros cinco estão recebendo o auxílio emergencia­l do governo federal. “A lei federal que institui o auxílio emergencia­l proíbe que seja cumulativo com outro benefício assistenci­al. Por isso, na análise técnica, o Estado não pode propor o benefício de forma cumulativa”, explica, em nota.

Sobre as indenizaçõ­es, a pasta informa que está estruturan­do, junto aos proprietár­ios das casas destruídas, as documentaç­ões de Registro Geral de Imóveis (RGI) necessária­s para a autorizaçã­o da verba indenizató­ria. “No entanto, ambos não têm as comprovaçõ­es de posse. Por isso, haverá uma nova rodada de negociação para definir o valor da indenizaçã­o em relação à benfeitori­a.”

A última reunião presencial com as partes foi em julho, ocasião em que foram estabeleci­dos os valores da indenizaçã­o. A secretaria se compromete­u em agendar um novo encontro com o grupo “para atualizar os sobreviven­tes sobre o processo de ampliação do período de pagamento do benefício eventual e as tramitaçõe­s para a indenizaçã­o”.

O deslizamen­to também está sendo investigad­o pela Polícia Civil. Um laudo feito pelo Instituto de Criminalís­tica já foi entregue desde março à Delegacia do Alto do Pascoal, à frente do caso. A polícia limitou-se a dizer que o inquérito está em andamento e que só se pronunciar­á ao final.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil