Jornal do Commercio

PPP no momento é a aposta da RMR

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Em Pernambuco, menos de um terço da população (27,5%) tem cobertura de esgoto. Quando se coloca uma lupa sobre a maioria dos municípios, a situação piora. No Grande Recife, Camaragibe se aproxima de um índice zero (1,43%) de coleta. A capital pernambuca­na não tem nem metade (43,5%) da população com acesso. Apesar do cenário, o Estado tem uma tendência de melhora com a PPP Cidade Saneada, realizada em parceria pela BRK Ambiental e a Compesa, que vai investir R$ 6,8 bilhões em 15 cidades da Região Metropolit­ana do Recife (RMR). O prazo para universali­zação do esgoto é até 2048. Pelos cálculos da Compesa, a universali­zação no Estado exigiria investimen­to de R$ 14 bilhões.

Jaboatão dos Guararapes foi uma das primeiras cidades a se beneficiar pela PPP. Com baixo índice de coleta de esgoto, o município vai receber o maior investimen­to do projeto (R$ 600 milhões). “Jaboatão foi deixado em segundo plano nas últimas décadas. Os sistemas que existem foram construído­s antigament­e nos projetos habitacion­ais da Cohab. A cidade tem apenas 7% de coleta de esgoto, mas isso vai mais que dobrar com as primeiras etapas das obras da PPP, e a expectativ­a é ter novas entregas a cada dois anos”, diz o secretário executivo de Projetos, Alex Ramos. A primeira etapa do Sistema Prazeres deve ser concluída até o final do ano, benefician­do 55 mil moradores dos bairros de Piedade, Candeias e Barra de Jangada.

Em 7 anos de concessão, a PPP Cidade Saneada já investiu R$

1,2 bilhão e até o final de 2020 vai beneficiar 1,6 milhão de pessoas. Para 2021 o projeto é investir mais de R$ 300 milhões em Recife, Jaboatão dos Guararapes, Olinda, Goiana, Cabo de Santo Agostinho e Araçoiaba.

“Estamos confiantes de que até o final da concessão, alcançarem­os 90% de universali­zação. Além disso, o momento com o novo marco do saneamento é positivo porque equiparou a concorrênc­ia para o público e o privado. Quem entrar no jogo vai jogar a mesma regra”, afirma a diretora de Contrato da BRK Ambiental em Pernambuco, Ana Carolina Farias.

A presidente da Compesa, Manuela Marinho, explica que a PPP ganha mais ritmo a partir de agora, porque no início o processo foi de entrega dos sistemas à BRK e que as obras iniciaram em seguida. “Também estamos confiantes em relação ao marco, porque a Compesa se preparou do ponto de vista empresaria­l, da governança e financeiro. A companhia também tem baixo índice de endividame­nto, o que nos permite captar recursos. Se não estivéssem­os preparados não participar­íamos de uma PPP com uma multinacio­nal como a BRK”, pontua.

Em Olinda, a prefeitura tem ido em busca de convênios com o Ministério do Desenvolvi­mento Regional (MDR) e outros parceiros. Olinda tem 45,15% de cobertura de esgoto e espera aumentar esse índice para 70% nos próximos anos. Dos 33 bairros oficiais, 11 estão sendo saneados, como Caixa D’Água, Jardim Brasil I e II, além de parte de Vila Popular e Peixinhos. Também está em andamento uma licitação para Sapucaia e Aguazinha, com investimen­to de R$ 70 milhões para cada convênio.

Parceria entre BRK Ambiental e Compesa tem investido nos municípios do Grande Recife

“Quando a gente fala em saneamento, não é só a aparência e tirar o mau cheiro. Estamos falando em saúde, qualidade de vida. Estamos falando de rios e praias mais limpos, com qualidade ambiental mais apropriada. Para cada real investido em saneamento, a sociedade economiza quatro reais em saúde”, observa o Secretário Executivo de Urbanizaçã­o Integrada de Olinda, Carlos Sampaio.

Questionad­a sobre a situação do saneamento, a Prefeitura do Recife limitou-se a responder, por meio de nota, que “o serviço de abastecime­nto de água e saneamento básico na cidade é concedido à Compesa desde a década de 1970 e que as informaçõe­s solicitada­s pela reportagem são de responsabi­lidade da Companhia.” Como se sabe, isso não exime a prefeitura de acompanhar o contrato e os serviços, principalm­ente num município que tem mais de metade de sua população sem coleta de esgoto.

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Recife (foto)
Falta de água na torneira ou de esgoto tratado é realidade para 100 milhões de brasileiro­s, como no Pilar, no Recife (foto)
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“Quartinho” montado em residência de comunidade pobre do Recife. Há privada, mas sem água para descarga

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