Alimentação no Brasil é insegura
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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou essa semana dados alarmantes sobre a alimentação no País. A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) aponta que mais de um terço dos domicílios brasileiros apresentou algum grau de insegurança alimentar entre os anos de 2017 e 2018. Este é o maior índice registrado pelo IBGE desde 2004, quando o instituto realizou o levantamento pela primeira vez.
Insegurança alimentar configura a incerteza de garantir recursos para comprar comida agora ou no futuro próximo. É também a incapacidade de conseguir alimentos de qualidade — em relação a disponibilidade de nutrientes — e a quantidade necessária para o consumo de toda família. Por conta do agravamento da crise econômica, a alimentação deixou de ser uma prioridade para milhares de brasileiros. As regiões do Norte e Nordeste são as mais preocupantes.
A pesquisa estima que 84,9 milhões de brasileiros de uma população de 207,1 milhões apresentam algum nível de insegurança alimentar. Desse total, 10,3 milhões passam fome, sem acesso suficiente à alimentação.
A preferência das famílias que passam dificuldades é comprar o básico: feijão, arroz, cereais, leguminosas, massas, farinhas e pescados. Muitas vezes não há espaço no orçamento para outros alimentos. Em alguns casos, as pessoas precisam fazer escolhas. A pesquisa relatou que o elevado índice de insegurança impossibilita o consumo de alimentos como frutas, hortaliças, produtos panificados, carnes, aves, ovos, laticínios, açúcares, doces e produtos de confeitaria, sais e condimentos, óleos e gorduras, bebidas, além de alimentos preparados.
Lembrando que as informações foram coletadas em 2017 e 2018. Agora em 2020, a situação pode ser ainda mais delicada com a crise intensificada pela pandemia. O IBGE divulgou na semana passada outra pesquisa com alta da inflamação e, consequentemente, elevação no preço dos alimentos, especialmente do arroz, item indispensável na cesta básica do brasileiro.