Rede estadual não terá reprovações
Avaliação de 2020 e 2021 será feita em um único ciclo. Só serão reprovados este ano alunos que abandonaram escola.
Alunos das escolas estaduais de Pernambuco não serão reprovados este ano, exceto se tiverem abandonado os estudos. Devido à pandemia de covid-19, eles serão avaliados nos anos de 2020 e 2021 considerando um único ciclo de aprendizagem. Nas escolas particulares, a orientação do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino de Pernambuco (Sinepe) é que as unidades observem o desempenho individual para decidir pela aprovação ou reprovação. Portaria do Conselho Nacional de Educação (CNE) que trata do ensino durante a pandemia recomenda que cada instituição ou rede, pública ou privada, avalie os impactos da reprovação dos estudantes ao final deste ano letivo de 2020, uma vez que haverá lacunas de aprendizagem. A preocupação é evitar evasão e abandono escolar.
A normativa que regulamenta como será a aprovação dos estudantes na rede estadual deve ser concluída hoje pela Secretaria de Educação de Pernambuco. “Vamos trabalhar em ciclo nos anos de 2020 e 2021. O estudante será avaliado observando esses dois anos. Portanto não é que vamos aprovar todos os alunos em 2020, mas que eles não serão reprovados porque o encerramento do ciclo de avaliação se dará somente no final de 2021”, explica o secretário estadual de Educação, Fred Amancio.
Na prática, todos os alunos vão passar para a série seguinte em 2021, mesmo aqueles que acompanharam pouco as atividades remotas. A rede estadual tem cerca de 560 mil alunos. Apenas as turmas de ensino médio retomaram o ensino presencial, desde 21 de outubro. Aproximadamente 180 mil estudantes do ensino fundamental das escolas estaduais permanecem exclusivamente no ensino remoto, uma vez que o governo de Pernambuco ainda não autorizou a volta das aulas presenciais para esse segmento da educação básica pública.
“Não vai ser nota ou aprendizado que reprovará um aluno este ano. Só se tiver abandono completo da escola é que ele será reprovado”, destaca Fred Amancio. O secretário informa que os casos excepcionais serão avaliados individualmente.
Haverá regras específicas para os alunos do 9º ano do ensino fundamental e os dos 3º anos do ensino médio pois eles estão concluindo etapas da educação básica. Todos os estudantes passarão por um diagnóstico, no início do ano letivo de 2021, para avaliar como está a aprendizagem de cada um.
REDE PRIVADA
O presidente do Sinepe, José Ricardo Diniz, ressalta que as unidades de ensino devem considerar o contexto da pandemia antes de decidir pela reprovação de um estudante. “É um ano de excepcionalidade. Não tem como aplicar uma régua comum para todos os alunos. A palavra é cuidado para evitar os extremos. Nem a aprovação automática nem a reprovação padrão. A orientação é que a escola verifique como cada estudante cresceu no processo de aprendizagem”, destaca José Ricardo.
“No ensino presencial é mais fácil avaliar. No ensino remoto é mais difícil pois as famílias têm características próprias, com rotinas diferentes no acompanhamento das aulas online. Tudo isso tem que ser considerado pelas escolas ao avaliar seus alunos”, comenta o presidentedoSinepe.
José Ricardo ressalta que o CNE coloca a possibilidade de adoção do ciclo 2020-2021, como fará a Secretaria Estadual de Educação. E que as escolas privadas devem ficar atentas ao cumprimento da carga horária exigida por lei e observar a participação dos alunos durante o ensino remoto. Em Pernambuco, a rede privada tem cerca de 350 mil alunos nos ensinos fundamental e médio.
“Uma reprovação tem que ser vista como uma forma de ajudar o aluno e não de puni-lo. Se a decisão de reprovar em outros anos tinha que ser muito cuidadosa, agora com a pandemia mais ainda. O bom senso tem que prevalecer, pois é um ano atípico. O olhar precisará ser mais individualizado”, destaca a diretora pedagógica Colégio Visão, Patrícia Pompilio.
A escola, que funciona no bairro de Tejipió, Zona Oeste do Recife, tem cerca de 2 mil alunos da educação infantil ao ensino médio. “Temos que observar o quanto cada aluno cresceu. Não dá para cobrar que aprenda todo o conteúdo, mas o quanto ele avançou, analisando o contexto em que ele está.”