Fernando Castilho
Repasse do governo federal foi determinante para que Estado não entrasse no caos fiscal em 2020.
Num evento promovido pela Frente Parlamentar Mista em Prol do Semiárido, o vice-presidente Hamilton Mourão repetiu uma frase que, desde os tempos de Celso Furtado, vem sendo dita em solenidades com a presença de autoridades de Brasília: Chegou a hora de o Semiárido deixar de viver de assistencialismo.
A frase embute um completo desconhecimento da realidade nordestina, típica de quem não a vivencia, e de quem tende a achar que nos 1.262 municípios dos 10 estados não existe uma economia competitiva e que os 22 milhões de habitantes, responsáveis por 6% do PIB nacional, só conseguem sobreviver porque a União paga o BPC, o Bolsa Família e aos aposentados do INSS.
Assim como em relação à Amazônia, Hamilton Mourão tem uma visão de que, no Semiárido, só existe macambira, xique-xique e alastrado. Não consegue perceber, a despeito das dificuldades de geração de renda em 40 anos, que o perfil do Nordeste no Semiárido mudou radicalmente, da irrigação à produção agrícola; da geração de energia à produção de alimentos; das confecções à transformação num polo de distribuição competitivo. Não deixou de precisar dos programas sociais, mas não tem é como Mourão diz.
O problema é que os 170 deputados da “Frente Parlamentar Mista em Prol do Semiárido” não ajudam o vice-presidente mudar o conceito visto de fora da Região. Talvez porque boa parte ainda se beneficie disso, mesmo que sejam eleitos com ajuda das novas atividades econômicas que hoje financiam suas campanhas.