Jornal do Commercio

Caso Miguel

- RAPHAEL GUERRA rguerra@tvjornal.com.br

Durou oito horas a audiência de instrução relativa à acusação de abandono de incapaz com resultado morte em que Sari Corte Real é ré. Foram ouvidas oito testemunha­s de acusação e quatro de defesa.

Estou aqui porque quero justiça pelo meu filho. É só

isso que eu peço”, afirmou o agricultor Paulo Inocêncio da Silva, que acompanhou a audiência do lado de fora

Foi uma audiência extensa. Em muitos momentos, Sarí se emocionou. Agora, vamos aguardar para dar seguimento ao processo”, disse o advogado de defesa Pedro Avelino

Com quase oito horas de duração, a audiência de instrução e julgamento relacionad­a à morte do menino Miguel Otávio Santana, 5 anos, chegou ao fim, ontem, sem o interrogat­ório da ré, Sarí Corte Real. Uma testemunha de defesa faltou à audiência porque estava viajando. Por causa disso, uma nova data será marcada pela Justiça para que a ouvida ocorra. Só então, neste mesmo dia, haverá o interrogat­ório da ex-patroa da mãe de Miguel.

Doze testemunha­s (oito de acusação e quatro de defesa) prestaram depoimento na 1ª Vara de Crimes contra a Criança e o Adolescent­e da Capital, no Centro do Recife. A audiência, que começou por volta das 9h30, foi conduzida pelo juiz José Renato Bizerra. A imprensa não teve acesso ao local. Na rua, também estavam parentes de Miguel e houve um ato pacífico. Com cartazes, um grupo lembrava: “Vidas negras importam”. “Quero justiça pelo meu filho. Só isso que peço”, disse o pai do menino, Paulo Inocêncio. Ele não pode acompanhar a audiência para evitar aglomeraçã­o no local.

Sarí Corte Real é acusada de abandono de incapaz com resultado morte, com dois agravantes: por ser um crime contra criança e por ter ocorrido em um período de calamidade pública. A investigaç­ão da Polícia Civil apontou que a primeira-dama de Tamandaré apertou o botão do elevador e deixou Miguel sozinho. A criança subiu até o nono andar e caiu do prédio de luxo que fica na área central do Recife, em 02 de junho deste ano. Naquele momento, a mãe de Miguel havia levado o cachorro da ex-patroa para passear.

Acompanhad­a dos advogados, a ré chegou bem cedo ao fórum. Segundo Pedro Avelino, um dos advogados de defesa, ela ficou bastante emocionada em alguns momentos da audiência. “Agora, vamos aguardar o encerramen­to de todos os depoimento­s para dar seguimento ao processo”, disse.

Além do depoimento presencial de uma testemunha de defesa, Avelino disse que duas cartas precatória­s (depoimento­s de pessoas que moram em outros municípios) serão cumpridas: uma em Tamandaré, no próximo dia 9, e outra em Tracunhaém (data não divulgada). “Havia outras duas cartas, uma delas no Rio Grande do Norte, mas desistimos”, afirmou. Outro depoimento que seria colhido era do pároco de Tamandaré, Arlindo Matos. Mas, após reportagem do JC divulgar que o religioso seria intimado a depor em favor de Sarí, houve um pedido do próprio pároco aos advogados para que isso não acontecess­e. A defesa acabou enviando uma petição à Justiça desistindo da ouvida.

Após o encerramen­to da audiência, a mãe de Miguel e o advogado dela fizeram uma coletiva. “Eu vou mover céus e terra para que a condenação aconteça. Vou defender meu filho até o fim. Miguel, presente”, disse Mirtes Souza.

Já o advogado dela, Rodrigo Almendra, afirmou que a estratégia de defesa é culpar Miguel pela morte. “Tenta transferir para Miguel uma responsabi­lidade que ele não tem e isso me parece negar a uma criança o direito de ser criança, ao mesmo tempo dar a ré uma isenção de responsabi­lidade que todo adulto tem de gerir a vida de uma criança”, afirmou.

SENTENÇA

Após todas as ouvidas, o juiz dará dez dias para que o Ministério Público e a defesa da ré apresentem as alegações finais por escrito. Depois disso, o magistrado dará a sentença. A pena máxima para o crime, em caso de condenação, é de 12 anos de prisão. Sarí permanece respondend­o ao processo em liberdade.

 ??  ?? PROTESTO Parentes e amigos da mãe de Miguel estenderam faixas do lado de fora da audiência
PROTESTO Parentes e amigos da mãe de Miguel estenderam faixas do lado de fora da audiência
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Antes da audiência, que durou oito horas, grupo pediu justiça em frente à 1ª Vara de Crimes contra a Criança
ATO Antes da audiência, que durou oito horas, grupo pediu justiça em frente à 1ª Vara de Crimes contra a Criança
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