Flerte com Nardes de novo
O presidente Jair Bolsonaro fez novos acenos nessa segunda-feira (18), durante evento em São Roque de Minas (MG), ao ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Augusto Nardes. A fala vem um mês após Bolsonaro dizer, em meio à dificuldade em emplacar André Mendonça como ministro do Supremo Tribunal Federal, que Nardes, se fosse magistrado da corte, votaria contra a derrubada do marco temporal.
“Temos aqui um ministro que não é meu, mas já foi meu colega de Parlamento, que é um grande incentivador dessa questão da água. É o ministro Augusto Nardes. Obrigado, Nardes. Mais do que estimular, você nos deu o norte para essa questão”, afirmou Bolsonaro.
Nardes foi indicado ao TCU pelo ex-presidente Lula (PT), que deve disputar o Planalto contra o atual presidente em 2022. Em 2015, ganhou projeção nacional ao relatar, no TCU, o processo que reprovou as contas do ano anterior do governo Dilma Rousseff (PT) devido às chamadas “pedaladas fiscais”, motivo utilizado para justificar o impeachment da petista.
Em 17 de setembro, Bolsonaro afirmou que Nardes ao dizer que ele, se fosse ministro do STF, votaria de forma contrária à revisão do marco temporal, processo hoje suspenso na Corte e caro ao presidente. A declaração foi interpretada à época como um aumento da fritura de André Mendonça, indicado pelo presidente ao Supremo em junho.
Até hoje, contudo, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), não marcou a sabatina do exministro da Justiça.
Políticos do centrão são contra a ida de Mendonça à Suprema Corte e defendem nomes alternativos, o que atrapalha a pressão de líderes evangélicos para destravar a sabatina. Bolsonaro escolheu o ex-AGU depois de prometer enviar um nome “terrivelmente evangélico” para o STF.
Alcolumbre, por exemplo, preferia que o nome a compor a 11ª cadeira do Supremo fosse o do atual procurador-Geral da República, Augusto Aras.
Já o nome do atual presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Alexandre Cordeiro de Macedo, é defendido por pelo menos três ministros do governo: Ciro Nogueira (Casa Civil), Flávia Arruda (Secretaria de Governo) e Fábio Faria (Comunicações).
Em meio a esse imbróglio, ainda não há data para a indicação ser avaliada pela CCJ do Senado. Sem esse passo, não há como o nome de Mendonça chegar ao plenário, onde será dada a palavra final.