EUA: morre general e 1º secretário negro
Colin Powell, um herói de guerra dos Estados Unidos e o primeiro secretário de Estado negro, que viu seu legado manchado quando defendeu a guerra no Iraque em 2003, morreu nesta segunda-feira (18) por complicações da covid-19.
O general aposentado de quatro estrelas tinha 84 anos e estava “completamente vacinado”, disse sua família em um comunicado, destacando a perda de “um grande americano”. Powell morreu no hospital Walter Reed, nos arredores de Washington, onde os presidentes americanos costumam ser atendidos.
A imprensa dos Estados Unidos destacou que ele sofria de mieloma múltiplo, uma forma de câncer de sangue que afeta o sistema imunológico, o que o tornava mais vulnerável à covid-19.
O presidente Joe Biden, a quem Powell apoiou eleitoralmente, descreveu o militar que se tornou estadista como alguém que “encarnava os mais altos ideais tanto de guerreiro quanto de diplomata”. “Era comprometido principalmente com a força e a segurança da nossa nação”, disse Biden.
Popular pela sua gestão da primeira Guerra do Golfo contra o Iraque em 1991, Powell foi visto como um possível primeiro presidente americano negro. Mas acabou decidindo não se candidatar à Casa Branca e depois rompeu com seu Partido Republicano para apoiar Barack Obama.
PIONEIRO
Filho de imigrantes jamaicanos, Powell teve uma carreira pioneira que o levou do combate no Vietnã a fazer história como o primeiro assessor de segurança nacional negro dos Estados Unidos, sob o governo do então presidente Ronald Reagan.
Depois foi o primeiro afro-americano e o chefe mais jovem do Estado-Maior Conjunto de George H. W. Bush. Em 2000, se tornou chefe da diplomacia de George W. Bush, o que o deixou em quarto na linha de sucessão presidencial e o tornou o funcionário público negro de maior escalão na história do país até então.
Todos os ex-presidentes americanos vivos prestaram homenagem a ele, exceto Donald Trump, com quem entrou em confronto público. Obama chamou Powell de “patriota exemplar”. “Era muito respeitado em casa e no exterior. E, o mais importante, Colin era um homem de família e um amigo”, disse Bush.
No entanto, Powell viu sua imagem manchada depois de seu discurso em 5 de fevereiro de 2003 no Conselho de Segurança das Nações Unidas, no qual defendeu a suposta existência de armas de destruição em massa no Iraque, que depois se mostrou falsa.