Tucanos fazem mea culpa por Bolsonaro
Odebate entre candidatos das prévias do PSDB, realizado nessa terça-feira (19), teve alfinetadas diretas e veladas entre os três participantes: o governador de São Paulo, João Doria; o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio Neto; e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. As críticas envolveram principalmente o apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nas eleições de 2018 e a realização de reformas em âmbito estadual. Doria e Leite fizeram um mea-culpa sobre o apoio ao presidente no segundo turno.
No bloco inicial, Virgílio citou o voto declarado por Leite em Bolsonaro no segundo turno de 2018 e contestou que o governador não deveria ter se manifestado a favor do então candidato do PSL. Segundo Virgilio, se Leite achasse que venceria sem isso, “deveria ter desprezado esse apoio”; e, se pensasse que não venceria, “deveria ter perdido como um verdadeiro tucano”.
Em sua resposta, Leite aproveitou para alfinetar Doria. O governador de São Paulo buscou associar seu nome a Bolsonaro já no primeiro turno da última eleição presidencial, e lançou no segundo turno o movimento “BolsoDoria”. “Eu no primeiro turno votei no Alckmin, ninguém tem dúvida de que votei nele. Fiz campanha junto, isso sim foi apoio, independentemente do que as pesquisas apontavam”, disse Leite. “Em 2018 está claro qual foi minha postura. Apoio é pedir voto. O meu adversário juntou seu nome ao do Bolsonaro”, prosseguiu.
No terceiro bloco, ao ser questionado também sobre seu apoio a Bolsonaro em 2018, Doria fez um mea-culpa citando também o governador gaúcho. “Claro que é (necessário fazer a autocrítica em relação ao apoio a Bolsonaro). E eu faço essa autocrítica. Em relação ao Bolsonaro, eu errei, assim como o Eduardo (Leite) errou. Receber a crítica, analisá-la e compreendê-la faz parte daquilo que conduz o seu destino”, respondeu.
REFORMAS
No segundo bloco, ao responder uma pergunta sobre a possibilidade de abrir mão da cabeça de chapa na eleição presidencial mesmo em caso de vitória nas prévias do PSDB, Leite disse se considerar “preparado” para liderar um bloco de terceira via e passou a listar pontos de sua gestão no Rio Grande do Sul, dando ênfase a reformas. Ao citar a reforma administrativa, Leite disse ter feito uma “reforma profunda”.
Em seguida, perguntado sobre seu desempenho tímido em pesquisas até aqui, Doria também listou feitos de seu governo e afirmou que São Paulo foi “o único estado que fez reforma administrativa, e não apenas ajuste”. Leite retomou o tema, desta vez numa crítica mais direta a Doria. “Não dá para dizer que São Paulo foi o único estado que fez reforma administrativa”, afirmou Leite.
No primeiro bloco, em pergunta a Doria, Virgilio lamentou também “picuinhas” internas nas prévias do PSDB, em referência a críticas públicas trocadas entre o governador paulista e Leite. Doria chegou a anunciar na semana passada que não participaria do debate por não ter sido consultado pelas regras do encontro através da direção nacional do PSDB, mas voltou atrás ainda no fim de semana e compareceu ao debate.
No terceiro bloco, Leite mostrou incômodo quando Arthur Virgílio disse que o gaúcho havia afirmado ser o candidato mais experiente nas prévias. Leite pediu direito de resposta, sob o argumento de ter sido atribuído a ele algo que na verdade não disse. Como não houve ofensa pessoal, contudo, única possibilidade para direito de resposta, o pedido foi negado.
Paulista e gaúcho também disputaram sobre quem fez mais reformas locais