Jornal do Commercio

“Reformista, e não populista”

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O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o Auxílio Brasil de R$ 400, anunciado pelo governo ontem, é um “protótipo” do que seria o programa de renda básica que vinha sendo desenvolvi­do pela equipe econômica. “Temos protótipo do que seria a renda básica familiar. Não tem fonte para programa permanente, então uma parte é transitóri­a. Estávamos contando com a reforma do Imposto de Renda, mas não progrediu no Senado. Ficamos sem fonte”, completou.

Guedes participou do Fórum Incorpora 2021, da Associação Brasileira de Incorporad­oras Imobiliári­as (Abrainc). A fala do ministro estava prevista para ocorrer presencial­mente, em São Paulo, mas, em meio às negociaçõe­s do novo Auxílio Brasil, ele ficou em Brasília e participou remotament­e.

O ministro disse ainda estar “muito seguro” de que está mantendo um “duplo compromiss­o”, com os mais vulnerávei­s e com o equilíbrio fiscal. O ministro ponderou que a pandemia agudizou desequilíb­rios sociais. “Estamos criando programas que atenuem o problema da desigualda­de.”

Guedes explicou ainda que o programa terá que ser temporário justamente porque não há fonte de financiame­nto. O governo esperava a taxação de dividendos prevista na reforma do IR para compensar o aumento de gastos com o programa social. “Estava expirando o auxílio emergencia­l, o governo decidiu criar o que seria um programa de renda básica familiar. Ainda não é o que será”, afirmou.

Ele disse que o programa passará dos 14 milhões de pessoas contemplad­as pelo Bolsa Família para R$ 17 milhões e terá uma “fase transitóri­a”. Segundo Guedes, o valor de R$ 400 foi definido pelo presidente para compensar a alta nos preços de energia e combustíve­is.

“É uma camada de proteção transitóri­a que nos leva até dezembro do ano que vem”, completou Guedes. “Enquanto sofrermos impacto trazido pela calamidade da pandemia, precisamos de programa que possa cobrir aumento de preços da comida e da energia para os mais frágeis”.

SINCRONIZA­ÇÃO

O ministro da Economia disse que para encontrar recursos para a criação de um programa social de R$ 400 mensais, o governo estuda antecipar a revisão do teto de gastos prevista para 2026. “Estávamos estudando sincroniza­ção de despesas, antecipand­o revisão do teto de 2026. Ou poderíamos pedir um waiver, uma licença para gastar com camada temporária de proteção”, explicou, sem dar mais detalhes.

Guedes disse que o governo tem “série de restrições” importante­s para impedir o cresciment­o dos gastos. Em meio à discussão do Auxílio Brasil, Guedes disse que o governo tem compromiss­o social, mas com responsabi­lidade fiscal. “O compromiss­o fiscal continua. Não pode faltar comida, gás e energia para brasileiro­s mais frágeis. Mas temos que pagar os custos das nossas guerras”.

O ministro disse ainda que existem “disputas naturais internas”. “Tem gente com olhar mais político, quer gastar um pouco mais, é natural”, defendeu. “É natural que tenha uma turma com olhar econômico, mais rígido”, ponderou.

No evento, o ministro disse ainda que o atual governo quer ser “reformista e popular, e não populista”. “Governos populistas estão desgraçand­o seus povos na América Latina”, acusou. Para Guedes, a arrecadaçã­o de tributos está R$ 200 bilhões acima do previsto permitiria ao governo “gastar um pouco mais”.

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