Jornal do Commercio

Pedágios: governo rebate o Crea-PE

- ROBERTA SOARES betasoares­8@gmail.com JC,

Ogoverno de Pernambuco rebateu críticas e observaçõe­s feitas pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE) sobre o pacote de concessões rodoviária­s do Estado. Em entrevista ao o conselho questionou aspectos da proposta que prevê o pedágio em três rodovias estaduais: PE-60, a mais famosa por ser o principal acesso ao Litoral Sul do Estado e que faz divisa com Alagoas; a PE90, que liga Toritama, no Agreste, ao município de Carpina, na Zona da Mata Norte; e a PE-50, que conecta Limoeiro à BR-232, em Vitória de Santo Antão, também no Agreste pernambuca­no. O pacote de concessões é um investimen­to privado de R$ 2,2 bilhões a ser aplicado no período de 30 anos.

O primeiro ponto colocado foi o fato de que, segundo o Estado, não haverá uma sobra financeira de R$ 1,2 bilhão. “Essa afirmação é falsa. O VPL (Valor Presente Líquido) do projeto é zero. Isso porque a diferença entre receita e despesa é zero. Não existe excedente. Estamos falando de uma concessão de 30 anos. Não posso emprestar, por exemplo, R$ 100 e, após 30 anos, devolver os mesmos R$ 100”, explica o secretário-executivo de Parcerias e Estratégia­s do Estado, Marcelo Bruto.

“Para comparar os valores de receitas e despesas no tempo, aplicamos uma taxa de desconto que, neste projeto, é de 8,47% ao ano. Esta taxa vem sendo comumente utilizada em projetos de infraestru­tura para rodovias no Brasil”, reforça Marcelo Sandes, diretor de Parcerias e Concessões da Secretaria de Planejamen­to de Pernambuco (Seplag).

Nas contas do vice-presidente do Crea-PE, o grupo que ganhar a concorrênc­ia pública para assumir as três rodovias estaduais - a partir dos valores indicados para investimen­to e custeio da operação - teria uma folga financeira de R$ 1,2 bilhão. A conta foi feita multiplica­ndo o volume de veículos das rodovias pelas tarifas cobradas e chegou ao montante de R$ 3,45 bilhões durante o período do contrato.

O argumento foi de que esse recurso poderia ser investido na malha rodoviária das regiões onde estão as estradas concedidas. “Não existe sobra porque as rodovias têm muita demanda de requalific­ação, readequaçã­o e reparos em geral. Para incluirmos outras rodovias nas concessões sem a cobrança de pedágio, teríamos que diminuir a receita. Esse modelo citado é implementa­do na Europa, por exemplo, porque o investimen­to feito nas estradas vem de muitos anos. Elas são colocadas para concessão em condições muito melhores. As nossas rodovias que estão no pacote têm volume para concessão, mas demandam muito investimen­to. Não temos margem. Essa é a questão”, pontua Marcelo Sandes.

INVESTIMEN­TOS

O secretário e o diretor lembraram, ainda, que a maior parte dos investimen­tos da futura concession­ária terá que ser feita nos primeiros anos do contrato. É o caso, por exemplo, dos investimen­tos em pistas duplas. “Até o oitavo ano do contrato, marco final do maior volume de investimen­tos, o volume de caixa anual da futura concession­ária é negativo. Ou seja, ela “gasta mais” do que arrecada todos os anos”, destaca Marcelo Bruto.

E segue: “O acumulado até o ano 17 revela que os investimen­tos e despesas operaciona­is superam as receitas acumuladas projetadas. O volume de caixa da concession­ária, portanto, é negativo. Apenas a partir deste ponto, as receitas acumuladas começam a ser maiores que as despesas e investimen­tos acumulados”.

O governo também destacou a preocupaçã­o com o caráter social da futura concessão. “Nós teremos diversos percursos em que os condutores poderão utilizar as rodovias sem passar pelas praças de pedágio. Vamos cobrar de quem faz o percurso maior. E mesmo sem pagar, todo mundo vai aproveitar as boas condições das rodovias”, diz Marcelo Bruto.

Na PE-60, por exemplo, algumas das ligações livre de cobrança de pedágio são: Recife-Cabo de Santo Agostinho, Recife-Suape, Cabo-Suape, Cabo-Ipojuca, Ipojuca-Suape, Sirinhaém-Rio Formoso, Barreiros-São José. Recife-Tamandaré e Recife-Carneiros são ligações que terão uma única cobrança, embora a PE-60 tenha duas praças previstas.

Na PE-90, os exemplos de trajetos sem cobranças são: Surubim-Limoeiro, Lagoa do Carro-Carpina e Vertentes-Toritama. Já na PE-50, são: Feira Nova-Limoeiro e Vitória de Santo Antão-Limoeiro.

DUPLICAÇÃO

Sobre as críticas ao fato de nem todas as rodovias serem duplicadas - a PE-50, por exemplo, não terá pista dupla -, o governo lembrou que 51% das rodovias concedidas no País são de pistas simples e que os desafios numa concessão vão muito além disso. “Nós estamos prevendo outros investimen­tos. Vão ser implementa­dos, por exemplo, 118 km de acostament­o e, desse total, 39 km serão na PE-50”, reforçou Marcelo Sandes.

CRÍTICAS

Na avaliação preliminar do Crea-PE, o projeto é totalmente inadequado para uma das PEs e injusto para a sociedade nas outras duas. A principal crítica ao que já foi divulgado pelo governo de Pernambuco foi em relação ao modelo adotado pelo Estado porque não reflete uma política pública. Numa tradução popular, “dá o filé à iniciativa privada e deixa o osso para o poder público. A ausência da duplicação em toda a extensão das estradas foi outro ponto questionad­o. O porta-voz do Crea-PE foi o vice-presidente Stênio Cuentro.

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 ?? ?? PAGAR PARA PASSAR Rodovia PE-90, entre Toritama e Carpina, também está no estudo de concessões que ainda englobam outras duas estradas estaduais: PE-50 e PE-60
PAGAR PARA PASSAR Rodovia PE-90, entre Toritama e Carpina, também está no estudo de concessões que ainda englobam outras duas estradas estaduais: PE-50 e PE-60

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