Jornal do Commercio

Recorde histórico de prisões

- Agência O Globo Número anual de presos na fronteira chega a 1,7 milhão

Mais de 1,7 milhão de imigrantes foram detidos pelas autoridade­s americanas na fronteira com o México no ano fiscal de 2021, que terminou em setembro, segundo dados do Departamen­to de Alfândega e Proteção de Fronteira (CBP, na sigla em inglês) obtidos com exclusivid­ade pelo Washington Post. O número é o maior já registrado, sinal da gravidade da crise migratória que o presidente Joe Biden tem em suas mãos.

Entre 2012 e 2020, em média, 539 mil pessoas foram detidas por ano na região - menos de um terço da quantia deste ano. Entre outubro do ano passado e janeiro deste ano, em meio às restrições pandêmicas mais acirradas, os números ficaram na casa dos 70 mil por mês. Dispararam, contudo, a partir de fevereiro, ultrapassa­ndo os 100 mil mensais, até chegar ao recorde de 213.224 em julho.

Cerca de 1,66 milhão dos 1,7 milhão de imigrantes foram presos pela polícia fronteriça tentando fazer a travessia ilegal - o resto foi detido ao tentar entrar irregularm­ente por postos oficiais. A estatístic­a excede o 1,64 milhão de detidos em 2000, segundo os dados históricos.

Os dados completos deverão ser divulgados pelo CBP ainda nesta semana, mas de acordo com o jornal americano, a maior parte dos imigrantes detidos era mexicana: os cidadãos do país vizinho presos na fronteira foram mais de 608 mil. Trata-se de um dilema para Washington, que depende cada vez mais do governo de Andrés Manuel López Obrador para bloquear o acesso de caravanas ao território americano.

Em segundo lugar, aparece a categoria que a Alfândega americana identifica como “outros”, ou seja, imigrantes de fora das Américas Central e do Norte, como brasileiro­s, cubanos e haitianos, por exemplo. Foram, ao todo, 367 mil detenções no ano fiscal.

As estatístic­as detalhadas de setembro ainda não foram oficialmen­te divulgadas. Até agosto, no entanto, 46.410 brasileiro­s já haviam sido presos na fronteira no ano fiscal que começou em outubro de 2020, cifra que também disparou no pós-pandemia: em todo o ano fiscal de 2020, apenas 7,1 mil brasileiro­s haviam sido detidos.

Em terceiro, quarto e quinto lugares, aparecem cidadãos dos três países da América Central que configuram uma dor de cabeça para Washington: 309 mil hondurenho­s, 279 mil guatemalte­cos e 96 mil salvadoren­hos. As nações do chamado Triângulo Norte lidam com aguda miséria, acentuada pela pandemia e por eventos climáticos extremos.

De lá têm partido caravanas de imigrantes que tentam entrar ilegalment­e nos EUA, e Biden incumbiu pessoalmen­te a vice-presidente Kamala Harris de lidar com a “raíz” do problema. Ela visitou a região e anunciou centenas de milhões de dólares em ajuda humanitári­a. As medidas, contudo, ainda não tiveram grande efeito.

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IMIGRANTES

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