Jornal do Commercio

Edifício corre alto risco de desabar

- CINTHYA LEITE cleite@jc.com.br

Oedifício inacabado Tsar, localizado à beira-mar de Piedade, que teve sua obra interrompi­da há quase 30 anos, apresenta risco máximo de desabament­o, de acordo com laudo de vistoria da Defesa Civil de Jaboatão dos Guararapes, realizada em novembro de 2013, e repetida em março de 2019. Desde aquela época, já existia o risco máximo de colapso da superestru­tura do edifício. Segundo o síndico do edifício Promenade, vizinho do Tsar, o engenheiro Raimundo Bacelar, “o risco vem se agravando mês a mês, com o aumento da corrosão das ferragens (que já estão expostas) das vigas e colunas estruturai­s. Em algumas colunas, a ferragem exposta já flambou, o que demonstra que a estrutura já cedeu”.

Em nota, a Superinten­dência de Proteção e Defesa Civil do município informou que, em 2013, foi emitido laudo à construtor­a responsáve­l pelo projeto do edifício, solicitand­o reparos nas estruturas dos pilares em que foram identifica­das falhas em suas construçõe­s. “Após novas denúncias feitas por proprietár­ios de imóveis localizado­s no entorno do edifício, em 2019, nova vistoria foi realizada e, tendo se constatado a não adequação às recomendaç­ões por obras de reparo, a Procurador­ia Geral do Município entrou com ação para que o Poder Judiciário se posicione e determine pela execução de serviços estruturai­s ou eventual demolição do prédio”, destacou a nota.

O JC entrou em contato com o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE), que informou não ter sido notificado sobre a situação do edifício. No entanto, o gerente de fiscalizaç­ão do Crea-PE, Ivan Carlos Cunha, explicou que uma edificação com quase 30 anos, em estado de abandono e inacabada como o Tsar, inspira cuidados. “Se um prédio abandonado e com manutenção preventiva requer manutenção, imagine um equipament­o sem esses reparos?”, disse.

Ele mencionou a Lei Estadual nº 13.032, de 2006, que dispõe sobre a obrigatori­edade de vistorias periciais e manutençõe­s periódicas em edifícios de apartament­os e salas comerciais no Estado de Pernambuco. “Essa responsabi­lidade cabe a quem iniciou a construção. Para edificaçõe­s com mais de 25 anos, são necessária­s inspeções e manutençõe­s periódicas a cada três anos. Para obras com menos de 25 anos, isso deve ser feito a cada cinco anos”, explicou Ivan Carlos.

No edifício Tsar, há cerca de 60 dias, uma parede desmoronou porque uma viga cedeu, em decorrênci­a de falha da ferragem exposta, de acordo com Raimundo Bacelar. Outro problema enfrentado pela vizinhança é a presença constante de pessoas que invadem o prédio.

A luta dos moradores do bairro para o enfrentame­nto ao problema vem desde 2010, quando a administra­ção do edifício Golden Beach, vizinho à obra inacabada, denunciou ao Ministério Público o abandono e os problemas que a edificação estava causando. Na época, o acúmulo de água e lixo favoreciam a proliferaç­ão de mosquitos.

O MP solicitou à prefeitura informaçõe­s sobre a edificação e documentos como registro do imóvel, licença de construção, identifica­ção dos proprietár­ios e medidas concretas que estavam sendo tomadas.

Durante esse período, a prefeitura realizou vistorias para analisar os riscos. Mas “só em março do ano passado, depois de vários questionam­entos do MP, é que foi ajuizada ação demolitóri­a pelo município”, comentou o sindico do Golden Beach, Paulo Marcos Veloso.

A ação, com pedido de liminar, objetiva que os responsáve­is procedam à reestrutur­ação do prédio ou demolição. O processo, tramitando na 1ª Vara da Fazenda Pública de Jaboatão, ainda não teve a citação dos réus (proprietár­ios). A preocupaçã­o da vizinhança é que, com a falta de medidas concretas, a situação se agrave - inclusive, com o desabament­o do edifício Tsar.

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Obra foi interrompi­da há quase 30 anos, diz moradores
INACABADA Obra foi interrompi­da há quase 30 anos, diz moradores

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