Perplexidades
vida se amplia de tal maneira que respiro fundo na tentativa de traçar caminhos e mais caminhos. Anseio sobreviver aos meus próprios delírios. São inúmeros, todavia. Gostaria de ir além do que posso encontrar; afinal, sinto-me perdida entre múltiplas interjeições. Que a complexidade me ajude a escamotear a própria aflição.
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Oato de iniciar o texto me deixa tensa. São tantas as sinalizações que me perco entre o sim e o não. Estou confusa diante das palavras que me cercam. De repente, tomo um susto face às dúvidas. Que direi se a hesitação me invadir? Vou e volto, mas não acerto o caminho. Melhor que o pensamento me traga palavras sem uma ordenação definida. Aceito as inquietações que me cercam. Sigo. Esqueço tudo que já escrevi e adoto apenas os ecos de algum dia, lá do passado, de momentos que desconheço. Abraço a letra e deixo-me levar. Então, convenço-me que traço um nada e um tudo.
Eis-me em algum lugar num tempo inexistente. Os desejos afloram na tentativa de descobrir o ego. Por onde caminhar se a estrada tem tantos subterfúgios? Trago certezas que me iludem, quase todas confinadas entre o sim e o não. Cresce uma tontura no íntimo que me faz duvidar. São tantas as indagações! de repente, entrego-me a estradas ignoradas. Afinal, o mundo gira ao redor, amplo e confuso. Os receios afloram na veloz capacidade do ego fluir para algum lugar. Saberei qual? Não. Neste exato momento, tento fugir de definições. Necessito de uma amplitude desconhecida. Urge crescer, ampliar os anseios e entregar-se a todas as fantasias. Acredito no que ignoro. Desde quando busco o que não sei?
A vida se amplia de tal maneira que respiro fundo na tentativa de traçar caminhos e mais caminhos. Anseio sobreviver aos meus próprios delírios. São inúmeros, todavia. Gostaria de ir além do que posso encontrar; afinal, sinto-me perdida entre múltiplas interjeições. Que a complexidade me ajude a escamotear a própria aflição. Quando nasci, onde nasci?
Pouco importa. A lembrança me servirá de lastro de sustentação. Gosto de recordar porque assim me renovo. Há um ir e vir permanente. Preciso descobrir aquilo que desconheço. São tantos detalhes na corrida do tempo que acabo por ignorar-me quase por completo. Desde quando as perguntas se acumulam?
Crescem as perplexidades! Afinal, todos nós temos segredos que se perpetuam. Mas a essência de cada um, essa se transforma a cada instante. Melhor acatar todas as nossas reflexões, de modo a acumular o meditativo. Vale a pena aplaudir introjeções. Em voz baixa e, quase no silêncio, traduzem o ignorado. Será mesmo expressão da verdade?
Planícies e planaltos intercruzam-se na caminhada. São tantas as indefinições que estou sempre a perseguir o que há de impossível no cotidiano. Opto pela busca permanente do ser. A existência reclama intensas miragens. Importam os reencontros para a explanação do ato da vida. Fugir dos realismos não vale a pena. Serei sempre uma surpresa que desconheço. Quantas vezes me perco e me acho? Não me apetecem as respostas. Todas inválidas na sua pobre tradução. Que hei de descobrir, senão a mim mesma?
As ideias se intercruzam para validar a existência. Um misto de cumulativas interrogações. E o poeta se auto-define: “Vê de longe a vida./nunca a interrogues./ela nada pode/ Dizer-te. A resposta/está além dos deuses.”