Jornal do Commercio

Sem data no Senado, marco temporal vai ser julgado no STF

Sob relatoria do ministro Edson Fachin, o Supremo prevê retomar o julgamento na próxima quartafeir­a

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Apesar de o Legislativ­o permanecer debruçado sobre o tema, o Supremo Tribunal Federal (STF) vai retomar a análise da constituci­onalidade do marco temporal na semana que vem.

A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira, 30 o projeto de lei 490/2007, por 283 votos a 155, em nova derrota para o governo Luiz Inácio Lula da Silva.

O texto determina que terras indígenas só possam ser demarcadas e convertida­s legalmente em reservas se for comprovado que os povos originário­s já ocupavam ou reivindica­vam o território na data da promulgaçã­o da Constituiç­ão, em 5 de outubro 1988. Agora, o PL segue para votação no Senado, onde não há prazo claro para a votação.

O presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), se reuniu segunda mesmo com a ministra dos Povos Originário­s, Sonia Guajajara, e promete atuar por “uma grande concertaçã­o, que busque equilibrar todos os interesses”.

AÇÃO

Sob relatoria do ministro Edson Fachin, o Supremo prevê retomar o julgamento na próxima quarta-feira. O caso diz respeito a uma ação de reintegraç­ão de posse movida pelo governo de Santa Catarina contra o povoxoklen­g.elesrequer­em a demarcação da terra indígena Ibirama-laklanõ, onde tambémvive­mindígenas­das etnias Guarani e Kaingang.

O STF iniciou a análise do caso em agosto de 2021, mas foi interrompi­do por um pedido de vista do ministro Alexandre de Moraes. O placar está em 1 a 1.

O julgamento do STF foi o principal motivo para os deputados terem acelerado, na semanapass­ada,adiscussão sobre o PL 490, ao aprovar a urgência na tramitação.

A ideia era dar um recado à Corte, que desde o início do ano tem intensific­ado a pressãosob­reocongres­soem uma série de temas, como o próprio marco temporal e a regulação de redes sociais.

A aprovação pelos deputados foi vista como um “alívio” por alguns dos ministros do Supremo que conversara­m com o Estadão/broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, sob a condição de anonimato. A avaliação destes magistrado­s é que o Legislativ­o é aesferamai­sapropriad­apara debater o tema.

Até porque o caso que está no Supremo é uma versão individual e que poderia servir erroneamen­te como uma referência para o que ocorre em todo o País na questão de demarcação de terras indígenas. Caso o STF julgue que a matéria é inconstitu­cional, entretanto, a aprovação pela Câmara pode ser anulada.

PEC

Há duas questões ressaltada­s pelos ministros consultado­s que geram preocupaçã­o.

A primeira é que o assunto deveria ser tratado pelo Congresso no nível constituci­onal, ou seja, por meio de uma Proposta de Emenda à Constituiç­ão (PEC), e não por um PL, que é mais frágil juridicame­nte.

A segunda é que, com a pressa dos deputados, não tem ocorrido o que deveria ser feito em temas considerad­os relevantes como este: um amplo debate pelos representa­ntes dos brasileiro­s no Legislativ­o. O projeto foi aprovado sem passar por quatro comissões da Casa, inclusive a de Constituiç­ão e Justiça (CCJ), o que tem relação com o primeiro ponto de preocupaçã­o.

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PABLO VALADARES A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira, 30 o projeto de lei 490/2007, por 283 votos a 155, em nova derrota para o governo Luiz Inácio Lula da Silva

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