Segurança em Olinda: A polícia deve ser o último recurso
É dever da prefeitura garantir atendimento de saúde e , também, realizar a redução de danos para os usuários de drogas. Organizar e executar projetos que apresentem alternativas sociais e econômicas para que essas pessoas tenham esperança e resgatem sua d
Para que a vida em comunidade seja harmônica é imprescindível que as pessoas se sintam seguras. Contudo, nossa sociedade contemporânea é construída a partir da ótica do medo. E os paliativos que encontramos não resolvem o problema fundamental, apenas contribuem para nos levar à solidão, à indiferença e à barbárie. O sentimento de insegurança e o medo podem desencadear problemas sociais e políticos sérios, pois fortalecem e “justificam” os dogmas e mitos religiosos, o consumo inconsciente, o preconceito e aplicação de métodos autoritários e violentos.
Em nossa constituição a Segurança como serviço público visa garantir a prevenção e repressão qualificada, com respeito a equidade e dignidade humana. Mas se acompanharmos os noticiários podemos constatar que estamos longe disso. Nossos agentes públicos parecem acreditar que a função do estado se resume a estabelecer metas, policiamento ostensivo e repressão. Expondo as polícias para resolverem problemas que fogem de sua esfera de atuação. Não há como combater a violência e a insegurança, sem pensarmos em uma política de assistência social e de saúde pública.
Os últimos anos foram bastante severos para o povo brasileiro e a pandemia da Covid-19 agravou nosso problema social e econômico já existente. A correlação dos dados sociais com os indicadores de segurança pública apontam para uma relação proporcional. Quanto maior a desigualdade, maior o índice de criminalidade. Enquanto não há iniciativas efetivas de políticas de assistência social e moradia, teremos milhares de pessoas em situação de rua. Pessoas que estão sujeitas a todo tipo de violência e que se tornam vulneráveis ao uso abusivo de drogas, agravando a situação e se tornando também um problema para o Estado. Um círculo vicioso, que se repete em muitos centros urbanos no Brasil.
Como moradora de Olinda eu sei bem como é viver com esse sentimento de insegurança. A entrada da cidade está se transformando numa cracolândia. São centenas de pessoas em diversos pontos da cidade, consumindo drogas, com fome e sem perspectivas de vida. Que vão na madrugada invadir casas e realizar pequenos furtos para garantir o consumo do dia seguinte. Tenho o privilégio de morar no sítio histórico de Olinda, um dos lugares mais lindos do país, e nos últimos quatro anos já tive minha casa invadida e furtada oito vezes. A polícia até tenta fazer o trabalho de prevenção e repressão, mas é inútil quando consideramos a dimensão deste problema no município. Como diz o ditado popular; estão enxugando gelo.
Não vemos da Prefeitura de Olinda nenhuma iniciativa ou ação coordenada de política pública para mitigar a atual sensação de insegurança dos moradores. É urgente que a política de assistência social no município seja efetiva. Não basta doar cestas básicas entregues por alguma candidata do prefeito. Até como efeito eleitoral isso não é mais efetivo.
As pessoas em situação de rua precisam de refeições prontas, gratuitas e de qualidade. É necessário construir mais restaurantes populares, casas de acolhimento e começar a apoiar as iniciativas de cozinhas solidárias independentes no município. É dever da prefeitura garantir atendimento de saúde e , também, realizar a redução de danos para os usuários de drogas. Organizar e executar projetos que apresentem alternativas sociais e econômicas para que essas pessoas tenham esperança e resgatem sua dignidade. O prefeito deve liderar sua gestão e pedir das suas secretarias ações conjuntas que tratem deste problema. É seu papel articular com o Governo do Estado uma atuação coordenada das Polícias Civil e Militar, em conjunto com a Guarda Municipal. Entendendo que não é somente a polícia que resolve o problema da Segurança. Mas sim, ações integradas de assistência social e saúde, amplamente debatidas com a sociedade civil organizada e especialistas, executadas por pessoas qualificadas e comprometidas com a gestão pública e com a cidade de Olinda. Olinda tem pressa!