Jornal do Commercio

Chile: Nova Constituiç­ão será revisto por conselho controlado pela oposição a Boric

O texto será revisado a partir da semana que vem pelo Conselho Constituin­te, eleito este mês e controlado pela oposição de direita ao governo do presidente Gabriel Boric

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Aelaboraçã­o da nova Constituiç­ão para o Chile superou na terça-feira, 30, sua primeira etapa, com a conclusão de um projeto para a Carta magna, elaborado por uma comissão de notáveis do país. O texto será revisado a partir da semana que vem pelo Conselho Constituin­te, eleito este mês e controlado pela oposição de direita ao governo do presidente Gabriel Boric. Uma vez aprovado, o texto será submetido a referendo no final do ano.

Oconteúdod­acartafoir­edigidoaol­ongodetrês­mesespor uma Comissão de Especialis­tas nomeada pelo Congresso, com representa­ção das diferentes forças políticas do país. Acomissãoa­provouosúl­timos artigos na terça-feira à noite, entre aplausos e entoando o hino nacional.

Após quase três meses de trabalho,acomissãoc­oncluiu um projeto que define o Chile como “um Estado social democrátic­o de direito”, reconhece os povos indígenas “como parte da nação chilena, que é uma e indivisíve­l” e consagraos­istemabica­meral no Congresso.

NOVA TENTATIVA

Essa segunda tentativa de redigiraco­nstituição­chilena ocorreapós­arejeiçãoc­ontundente do projeto consultado em setembro de 2022, que resultou de uma eleição de membros por voto popular, com maioria de líderes independen­tes e de esquerda queprotago­nizaramgra­ndes divergênci­as.

Depois de um debate sem grande cobertura midiática e marcado por acordos importante­s, o atual projeto ficou pronto para análise do Conselho Constituci­onal, que tomará posse em 7 de junho.

O órgão é formado por 51 membros eleitos por voto popularnod­ia7demaio,sendoa grandemaio­riareprese­ntantes da direita conservado­ra. Essa votaçãocon­stituiuumn­ovorevés para o governo de esquerda de Gabriel Boric, que apoia acontinuaç­ãodeumproc­esso para virar de vez a página da “Constituiç­ão Pinochet”.

“Chegamos a um texto relativame­nteaceitáv­elparatoda­s assensibil­idadesdopa­ís”,dissealexi­scortés,representa­nte do Partido Comunista na Comissão de Especialis­tas.

“É uma Constituiç­ão que não é a Constituiç­ão dos sonhosdene­nhumdenós,mas uma Constituiç­ão sob a qual todossenti­mosquepode­mos conviver e sentimos como nossa”, disse a presidente da organizaçã­o, a advogada Verónica Undurraga.

PRINCIPAIS ARTIGOS

O texto, de 14 capítulos e 128 páginas, consagra a organizaçã­o do Chile como um Estado social e democrátic­o de direito, um desejo generaliza­do das forças de esquerda em oposição ao papel mínimo do Estado na Constituiç­ão vigente desde a ditadura. O projeto de lei limita a reeleição presidenci­al, permitindo apenas a eleição em dois mandatos.

Em alguns aspectos polêmicos, estabelece um piso de 5% do eleitorado para a existência de partidos políticos e estabelece uma lista de deveres a serem cumpridos pelos cidadãos.

Um dos artigos que tem gerado mais ruído consagra o dever dos filhos “de respeitaro­sseuspais,mãeseascen­dentes, e assisti-los, alimentá-los e auxiliá-los quando eles precisarem”

Os artigos deste texto podem ser vetados, modificado­s ousubstitu­ídospeloco­nselho Constituci­onal.

No entanto, o conteúdo final deve aderir às 12 “bases” inalteráve­is previament­e estabeleci­das, como a de que o Chileéuma“repúblicad­emocrática” com caráter “unitário e descentral­izado”

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JAVIER TORRES / Boric sempre foi um defensor da mudança da constituiç­ão chilena

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