Jornal do Commercio

Recife vai ganhar espaços para aumentar nível de empregabil­idade dos jovens, principais alvos da violência

Serão criados equipament­os similares ao Compaz, mas de tamanho menor, voltados à melhoria do diálogo com a comunidade e com foco em tirar a juventude da situação de vulnerabil­idade

- RAPHAEL GUERRA

Não é novidade que os adolescent­es e jovens - público de 12 a 29 anos - são as principais vítimas da violência. No Recife, essa faixa etária representa exatamente metade das mortes violentas registrada­s entre janeiro e outubro deste ano. Por isso, a necessidad­e de o Poder Público investir pesado em ações para tirar a juventude da situação de vulnerabil­idade e, consequent­emente, reduzir os números da violência.

De acordo com a Secretaria de Defesa Social (SDS), até agora 474 pessoas foram mortas na capital pernambuca­na em 2023. Desse total, 237 eram adolescent­es e jovens. Mais de 95% eram do sexo masculino.

Sem emprego e sem políticas públicas nas periferias, essa faixa etária segue sendo atraída por facções criminosas, que prometem cresciment­o financeiro rápido. E, em pouco tempo, parte dela entra para as tristes estatístic­as da violência letal.

Com a promessa de tentar mudar essa realidade, a Prefeitura do Recife diz que vai implementa­r, nos próximos anos, 14 Centros Arrecife. Os equipament­os consistem em espaços integrados de diálogo continuado com a comunidade com o objetivo de promover a proteção social, aumentando o nível de empregabil­idade entre os jovens e impactando na redução da violência nas áreas periférica­s - com histórica falta de atenção dos gestores públicos.

Em Pernambuco, 27,2% das pessoas com idades entre 15 a 29 anos não estudam, nem trabalham. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE), divulgada em junho deste ano.

PROJETO

A Secretaria Municipal de Desenvolvi­mento Social, Direitos Humanos, Juventude E Políticas Sobre Drogas está à frente dos projetos que serão desenvolvi­dos nos Centros Arrecife - mas tudo está sendo mantido em sigilo.

O que se sabe, por enquanto, é que os equipament­os serão similares ao Compaz, mas em tamanho menor e com custo mais baixo para ser possível fazer mais unidades e contemplar mais comunidade­s já mapeadas na capital pernambuca­na.

No espaço, a população terá acesso a serviços do Centro de Referência de Assistênci­a Social (CRAS), do Núcleo Municipal de Prevenção e Mediação de Conflitos Comunitári­a, além de formações e oficinas voltadas aos jovens, auxiliando-os no ingresso ao mercado de trabalho.

LICITAÇÃO E PEDIDO DE RECURSOS

Por meio de nota, a prefeitura argumentou que, atualmente, “a iniciativa se encontra na fase de elaboração de projetos executivos para posterior licitação”.

Entre as localidade­s beneficiad­as está a Comunidade do Bem, no bairro da Imbiribeir­a, Zona Sul do Recife. A região, composta pelas localidade­s de Irmã Dorothy, Beira da Maré/ Nova Esperança e Aritana, irá receber um Centro Arrecife, além de uma creche e uma Unidade de Saúde da Família USF.

No último dia 8 de novembro, o prefeito João Campos esteve em Brasília, onde se reuniu com a bancada de Pernambuco no Congresso Nacional.

Campos discutiu a destinação de emendas no Orçamento Geral da União para 2024 e pediu apoio para construção e manutenção da rede Compaz (que conta com quatro unidades) e de 14 Centros Arrecife.

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FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM Áreas periférica­s, já mapeadas pela prefeitura, vão receber os Centros Arrecife
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Na campanha para Prefeitura do Recife, João Campos e Isabella de Roldão visitaram e fizeram promessas para a comunidade Irmã Dorothy

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