Mediadores tentam uma nova trégua em Gaza
“Vamos libertar todos os reféns”, declarou Netanyahu nesta terça. “Destruiremos essa organização terrorista (Hamas) e nos asseguraremos de que Gaza deixe de ser uma ameaça para o Estado de Israel”, acrescentou.
Em Tel Aviv, manifestantes pediram a libertação de um bebê de 10 meses, Kfir, capturado no kibutz Nir Oz em 7 de outubro junto ao irmão Ariel, de 4 anos, e seus pais.
Apesar da pausa nos combates, um jornalista da AFP na Cidade de Gaza viu o Exército israelense efetuar três disparos contra dezenas de civis que tentavam entrar no bairro de Sheikh Radwa. O repórter constatou um ferido.
O Exército afirmou que “vários suspeitos se aproximaram das tropas israelenses” e que um tanque deu “tiros de advertência”. Os movimentos palestinos denunciaram “violações da trégua” por parte de Israel.
Por sua vez, os militares israelenses denunciaram a detonação de três artefatos explosivos perto de suas forças no norte da Faixa de Gaza, “violando o marco da pausa operacional”, e que “terroristas” dispararam contra seus soldados, que responderam.
MEDIAÇÃO CONTINUA
Em Beitunia, na Cisjordânia ocupada, a recepção aos presos libertados terminou em confrontos com as forças de segurança de Israel. Um jovem palestino morreu ao ser atingido “por disparos”, informou o Ministério da Saúde palestino.
A mesma fonte reportou a morte de outros dois palestinos por soldados israelenses na Cisjordânia.
Os mediadores trabalham para estender a trégua para além das 48 horas adicionais. O secretário de Estado americano, Antony Blinken, viajará no fim de semana para Israel e a Cisjordânia ocupada para reuniões com Netanyahu e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas.
Os chefes dos serviços de Inteligência americano e israelense estão em Doha, capital do Catar, para discutir a “fase seguinte” do acordo, segundo uma fonte a par
dessas negociações.
AJUDA INSUFICIENTE
A Faixa de Gaza também sofre um cerco total por parte de Israel que causou uma dramática falta de itens essenciais.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) saudou a chegada de várias centenas de caminhões carregados de ajuda desde 24 de novembro, graças à trégua, mas alertou que está longe de ser suficiente.
“É um bom começo. Certamente, o tipo certo de ajuda, combustível, medicamentos, alimentos”, declarou nesta terça-feira seu porta-voz, James Elder, em um vídeo feito em Gaza, acrescentando que “a ajuda deve ser multiplicada”.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) observou um “enorme aumento” de algumas doenças contagiosas.
“Sofremos porque não temos comida, água, não nos trazem nenhuma ajuda”, lamentou Fuad Hara, um palestino pai de cinco filhos, deslocado pelos combates e que se viu obrigado a fugir da Cidade de Gaza em direção ao sul do território.
Mais da metade das residências do território foi danificada ou destruída pela guerra, que provocou o deslocamento de 1,7 milhão dos 2,4 milhões de habitantes, segundo a ONU.
“Tento encontrar lembranças da minha casa”, disse um palestino de Al Zahra, mostrando as montanhas de escombros onde antes ficava sua casa, destruída pelos bombardeios israelenses.