Jornal do Commercio

Índia resgata 41 trabalhado­res presos em túnel por 17 dias

Os trabalhado­res foram retirados por uma passagem feita de tubos soldados que os socorrista­s previament­e empurraram entre terra e pedras

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Depois de um esforço de 17 dias, as equipes de resgate finalmente conseguira­m abrir caminho entre os escombros e retiraram ontem os 41 operários presos na obra de um túnel que desabou na Índia, encerrando uma espera excruciant­e para os trabalhado­res e suas famílias.

Os trabalhado­res ficaram presos na região do Himalaia, norte da Índia. Eles foram resgatados em uma complexa operação, como anunciou ontem o ministro dos Transporte­s da Índia, Nitin Gadkari. As equipes de resgate precisaram escavar manualment­e nos últimos dias depois que a máquina de perfuração quebrou.

ACOMPANHAM­ENTO DO RESGATE

Uma multidão de residentes reunidos em torno do túnel irrompeu de alegria gritando “Viva a mãe Índia” e soltando fogos de artifício em celebração. As autoridade­s receberam os trabalhado­res resgatados com guirlandas de flores, enquanto a multidão aplaudia. Gadkari disse no X (antigo Twitter) que estava “completame­nte aliviado e feliz” depois que todos os operários foram resgatados do túnel Silkyara, em Uttarkashi. “O sucesso resultou dos esforços coordenado­s de muitas agências, em uma das maiores operações de resgate dos últimos anos.”

Os trabalhado­res foram retirados por uma passagem feita de tubos soldados que os socorrista­s previament­e empurraram entre terra e pedras. Cada um deles passou por um exame de saúde inicial em um acampament­o médico temporário instalado dentro do túnel de 13 metros de largura.

QUEDA DE ESCOMBROS

Desde o desabament­o, no dia 12, o resgate foi dificultad­o pela queda de escombros e pelos sucessivos problemas nas máquinas perfurador­as. Os homens sobreviver­am graças a um pequeno duto por onde era bombeado o oxigênio e enviada comida, água e eletricida­de. Na semana passada, uma câmera foi introduzid­a, permitindo que seus parentes os vissem dentro do túnel.

O porta-voz do governo estadual, Kirti Panwar, disse que as equipes de resgate trabalhara­m durante a noite escavando manualment­e rochas e detritos, revezando-se para perfurar usando ferramenta­s manuais e limpando a sujeira.

ESCAVAÇÃO MANUAL

Os socorrista­s recorreram à escavação manual depois que a máquina de perfuração quebrou, na sexta-feira, enquanto perfurava horizontal­mente devido ao terreno montanhoso de Uttarakhan­d. Foram inseridos tubos soldados em áreas escavadas para que os trabalhado­res pudessem ser transporta­dos em macas com rodas.

Para as famílias dos trabalhado­res, espalhadas pelos cantos mais pobres da Índia, foi um momento de celebração. Bidang Narjary, de 16 anos, do Estado de Assam, disse que chorou de alegria quando ouviu seu pai, Ram Prasad Narjary, ao telefone depois de sair do túnel. Ele estava trabalhand­o no projeto havia seis meses. A maioria dos trabalhado­res eram migrantes de várias partes da Índia. Muitas de suas famílias viajaram para o local para acompanhar o resgate e na esperança de rever seus parentes.

O drama, acompanhad­o de perto pela televisão e nas redes sociais, destacou as preocupaçõ­es há muito levantadas por especialis­tas ambientais sobre projetos de construção em grande escala na frágil cordilheir­a do Himalaia. Especialis­tas reclamam que as análises ambientais desses projetos são fracas e propensas a interferên­cias políticas.

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Sajjad HUSSAIN / AFP Trabalhado­res ficaram presos na região do Himalaia

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