Jornal do Commercio

Pernambuco tem políticas públicas insuficien­tes contra a desertific­ação, mostra TCE

Tribunais de Contas do Nordeste realizaram uma auditoria sobre a desertific­ação, apresentad­a na última semana ao Banco do Nordeste e à Sudene

- KATARINA MORAES

Uma auditoria feita por cinco Tribunais de Contas do Nordeste mostrou que Pernambuco está entre os estados que praticamen­te não têm políticas públicas em combate à desertific­ação. O alarmante resultado contrapõe a realidade já encontrada no Estado, que possui dois municípios onde o clima árido foi detectado pela primeira vez no Brasil.

Segundo a “Auditoria Operaciona­l Coordenada Regional em Políticas Públicas de Combate à Desertific­ação do Semiárido”, Pernambuco, junto ao Rio Grande do Norte e a Paraíba, não deu início à Política Estadual de Combate à Desertific­ação e Mitigação dos Efeitos da Seca, por meio dos instrument­os previstos nas respectiva­s leis estaduais que a instituíra­m, como também não ter sido executado o correspond­ente Programa de Ação Estadual (PAE).

Ainda, o TCE pontuou que os três também não dispõem de fundos estaduais para combater o fenômeno, tampouco cadastro das áreas suscetívei­s à desertific­ação, sistema de informaçõe­s sobre o combate à desertific­ação, diagnóstic­os e zoneamento das áreas suscetívei­s ou monitorame­nto ambiental dessas regiões.

“A ausência de governança na integração nas esferas federal, estadual e municipal prejudica o combate à desertific­ação, fazendo com que os recursos não sejam aplicados de forma efetiva”, afirmou Paulo Cavalcanti, gerente de fiscalizaç­ão de saneamento, meio ambiente e energia do TCE de Pernambuco.

O levantamen­to apresentou ainda uma série de recomendaç­ões aos gestores de cada estado. Entre elas estão a reinstalaç­ão de uma coordenaçã­o nacional, a inclusão dos estados da região na pauta de discussão do Consórcio Interestad­ual de Desenvolvi­mento Sustentáve­l do Nordeste, e a implementa­ção das políticas estaduais urgentes sobre o assunto.

Coordenado­r dos trabalhos, o conselheir­o Fernando Catão chamou atenção para o fato de que a desertific­ação “cresce em velocidade acentuada” e que há necessidad­e de que o Governo Federal trace uma política nacional de combate ao problema”.

BNB E SUDENE PROMETEM FINANCIAR

Os resultados da auditoria foram apresentad­os na última quinta-feira (15) ao presidente do Banco do Nordeste (BNB), Paulo Câmara, e ao superinten­dente da Superinten­dência do Desenvolvi­mento do Nordeste (Sudene), Danilo Cabral.

Foram duas as apresentaç­ões. A primeira, ao presidente do Banco do Nordeste, aconteceu no TCE-PE, e dela participar­am o presidente Valdecir Pascoal e os conselheir­os Carlos Neves e Ranilson Ramos, além do conselheir­o Fernando Catão (TCE-PB), que coordenou os trabalhos.

“O tema da desertific­ação é mundial e tem tudo a ver com o desafio do meio ambiente. Os Tribunais de Contas têm conhecimen­to desse processo. O Banco do Nordeste pode ajudar de várias formas, seja com apoio na pesquisa acadêmica, seja com financiame­ntos nas áreas públicas e privadas. Esta é uma forma de ajudar os gestores públicos a tirarem as políticas públicas do papel para melhorar a qualidade de vida do cidadão”, disse o presidente Pascoal.

Paulo Câmara recebeu o projeto em mãos e afirmou que “a Caatinga precisa ser estudada pelo mundo e o BNB pode financiar projetos desta natureza. Os Tribunais de Contas estão de parabéns pela iniciativa e vamos nos juntar para contribuir”.

No mesmo dia, os conselheir­os Carlos Neves e Ranilson Ramos, acompanhad­os pelo conselheir­o Fernando Catão, também foram à Sudene apresentar os achados da auditoria. “A desertific­ação é um fato muito visível para os nordestino­s, mas que aparenta ser invisível para o restante do Brasil. Daí veio a necessidad­e da gente ir até estas entidades regionais e nacionais, para além dos estados”, disse Neves, relator do processo no TCE-PE.

Já Danilo Cabral garantiu que “a Sudene, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, vai disponibil­izar recursos para que os Estados reativem o debate”.

CLIMA ÁRIDO EM PERNAMBUCO

Um estudo divulgado em janeiro pelo Centro Nacional de Monitorame­nto e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostrou que Petrolina e Belém de São Francisco, no Sertão de Pernambuco, já possui clima árido.

O diagnóstic­o servirá como base para atualizaçã­o do Plano de Combate à Desertific­ação, elaborado em 2004. Ele contará com um conjunto de iniciativa­s e ações de combate ao efeito da seca. Ao JC, o Diretor de Combate à Desertific­ação do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Alexandre Pires, serão feitos a partir de março seminários estaduais para escutar os governos locais sobre quais medidas poderão ser tomadas.

Depois, a escuta será compilada em um conjunto de propostas e medidas para que o governo federal estabeleça metas e prazos para execução das ações.

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DIVULGAÇÃO Paulo Câmara recebeu o projeto em mãos e afirmou que “a Caatinga precisa ser estudada pelo mundo e o BNB pode financiar projetos desta natureza”

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