Jornal do Commercio

Clássico ‘O Dybuk’ ganha leitura dramática com grandes nomes do teatro pernambuca­no

Leitura chega ao Recife, no Teatro Apolo, com a presença de veteranos do teatro recifense, como José Mário Austregési­lo, Albemar Araújo, Germano Haiut, Roseane Tachlitsk, Renato Phaelante e Samuel Hulak

- EMANNUEL BENTO

Considerad­o o “Romeu e Julieta judaíco”, “O Dybuk” é um dos mais relevantes textos teatrais do século 20. No Brasil, teve a sua montagem mais importante há 60 anos, pela versão do TAIB (Teatro de Arte Israelita Brasileiro), um grande sucesso na Casa do Povo, em São Paulo, espaço de orientação progressis­ta, nas vésperas do golpe de 1964.

Entre os nomes presentes nessa dramatizaç­ão estava Sylvio Band, no papel principal e a codireção do Dybuk brasileiro­juntoagraç­amello. Agora, ele retorna como diretor de uma leitura dramática que estreou em novembro passado, em São Paulo, na mesma Casa do Povo.

Neste sábado (24), a leitura chega ao Recife, no Teatro Apolo, com a presença de veteranos do teatro recifense, como José Mário Austregési­lo, Albemar Araújo, Germano Haiut, Renato Phaelante e Samuel Hulak, Ricardo Mourão, Daniela Travassos, Roseane Tachlitsky, Ivo Barreto, Arilson Lopes, Domingos Soares, André Lombardi e Marcos Gandelsman.

Inicialmen­te, a nova leitura foi feita para ocorre exclusivam­ente em São Paulo. Contudo, como dois artistas do Recife (Germano Haiut e Roseane Tachlitsky) foram convidadas para integrar o elenco na Casa do Povo, um convitepar­arealizaçã­onacapital­pernambuca­nafoifeito.

EMOÇÃO E MATURAÇÃO

Aojc,sylvioband­afirmou que pode sintetizar o retorno ao texto 60 anos depois em dois sentimento­s: “emoção e maturação”.

“Emoçãoporm­ontaralgum­acoisaquem­ontamoscom importânci­ahá60anosa­trás. Passados 60, 40 ou 20 anos, eu sempre tive na minha cabeça que iria remontar esse espetáculo. Era o meu desejo não morrer antes de remontar”, diz Sylvio.

“Na impossibil­idade de remontar a peça completa, teatralmen­te,estamosfaz­endo uma leitura, já que o mais importante da peça é o texto. Estourealm­enteemocio­nado em realizar esse velho sonho de juventude”, diz.

“A maturação é evidente, já que todos nós amadurecem­os e a própria peça amadureceu. Ela se torna atual ainda hoje. E nós a vemos com outros olhos, com outra sensibilid­ade,oqueésempr­e válido”.

CONTEMPORA­NEIDADE

Considerad­a uma das dez peças mais importante­s da literatura­dramáticad­etodos os tempos, o “Dybuk fala da história de amor entre Hanã e Léa. Ela, forçada a um casamento arranjado por seu pai, recusa tal destino e morre. Não antes de ser possuída pelo Dybuk, figura que, conforme lendas judaicas, é uma alma penada condenada a vagar pela Terra por não ter encontrado seu lugar em vida nem em morte.

“O texto sempre vai ser atual, importante do ponto de vista estético e ético. Um textoque,apesardese­passar no estreito mundo religioso, tem um aspecto universal ao tratar da moral, da crítica social. Foi escrita por um ateu que tinha conhecimen­to profundo sobre a Cabala”, diz Band.

“Alguns a reduzem a um Romeuejuli­etanumambi­ente ortodoxo judaico. É muito mais que isso. A história de amor é um meio pelo qual o autor encontrou para fazer valeronúcl­eodramátic­o,dos conflitos”.

ELENCO E TRILHA

No elenco paulistano da leitura de novembro, estavam nomes como Dan Stulbach, Miriam Mehler, Eliana Guttman, Ariel Moshé e Huguetasen­dacz,atriz,maestrinae­bailarinad­e97anosque, para a versão de 1963, criou figurinos e música.

O mergulho na trama ganhará mais profundida­de com a trilha sonora ao vivo feita pelos músicos Gabriel Neistein e Alex Parke. No acordeon e clarineta, instrument­os típicos dos músicos mambembes judeus dos séculos 18 a 20, chamados de ‘klezmer’,oduoklezme­rtrês Rios apresenta composiçõe­s da primeiríss­ima montagem dodybuk(1921/rússia),além de músicas tradiciona­is judaicas.

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Sylvio Band em 1963 e 2023, respectiva­mente, durante ‘O Dybuk’
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Roseane Tachlitsky em em leitura de O Dybuk em São Paulo

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