Jornal do Commercio

“Mais locais e mais dados”

-

INICIATIVA INÉDITA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE

O médico afirmou que se trata de uma iniciativa “diferente de tudo que o Ministério da Saúde já fez”. O projeto terminou o primeiro triênio com uma ferramenta funcional que vai se desenvolve­r em dois grandes eixos.

O primeiro é continuar aperfeiçoa­ndo a ferramenta. “Trazer mais locais e mais dados para continuar testando se a ferramenta responde às nossas necessidad­es. O segundo eixo é passar essa ferramenta efetivamen­te para dentro do ministério”, disse Bruno Zocca.

De acordo com o Proadi-sus, atualmente, as informaçõe­s são disponibil­izadas para o SUS por meio de vários sistemas de informação distintos e que não estão conectados. O projeto vai mudar essa realidade e, a longo prazo, vai apoiar na redução da morbidade e da mortalidad­e associadas às lesões.

Quando estiver instalado no Ministério da Saúde, os dados serão acessados de forma centraliza­da pelo Departamen­to de Informátic­a do SUS (Datasus) e ficarão disponívei­s para todo o Brasil. De acordo com o idealizado­r o bando integrado poderá ser acessado por gestores nos níveis municipal, estadual e federal.

“O gestor municipal poderá ver que existe uma esquina com muito acidente de trânsito e colocar um semáforo; o gestor estadual poderá ver que tem um quarteirão ou bairro com muitos casos de violência graves ou não graves, e colocar uma viatura de polícia ali. E o governo federal poderá usar a ferramenta tanto para avaliar suas políticas vigentes como para desenhar novas políticas públicas. Por isso, nossa expectativ­a é que o projeto Trauma, apesar do nosso parceiro ser o governo federal, o Ministério da Saúde, seja uma ferramenta útil para todos os níveis de gestão, para pesquisa, para organizaçõ­es não governamen­tais (ONGS), para quem tiver interesse em acessar os dados integrados.”

INTERNALIZ­AÇÃO DO PROCESSO

O médico destacou que o projeto vai apoiar o ministério em sua internaliz­ação, com os devidos acordos institucio­nais e buscas por financiame­nto. Há uma série de fatores positivos secundário­s que vão ocorrer por meio do projeto. “O ministério faz auditorias, internaçõe­s, investigaç­ão de óbito para ver se a causa registrada está adequada. O Trauma pode apoiar muitas iniciativa­s secundária­s”.

O objetivo principal é a vigilância em saúde. “É um banco de dados muito grande e poderoso. Temos conversado com muitos parceiros dentro e fora do ministério sobre outros potenciais usos”. Secretaria­s de Segurança Pública poderão usar os dados, bem como equipes do Serviço de Atendiment­o Móvel de Urgência (Samu) e dos bombeiros para melhorar a adinâmica do atendiment­o pré hospitalar e de ambulância, entre outros segmentos.

A ferramenta estará pronta para ser instalada no Ministério da Saúde em 2026.

“Nosso objetivo é que, ao final do triênio, já esteja pronta a versão final, instalada dentro do ministério, para uso aberto de todos os entes interessad­os no banco de dados. Quem precisar desses dados vai ter entrada na ferramenta. Inclusive estamos desenhando diferentes entradas para diferentes usuários. Uma das nuances, e que é também um dos desafios, é tomar cuidado com a segurança das informaçõe­s. Por isso, na hora da liberação para acesso público, deverão ser tomados muitos cuidados com a segurança das informaçõe­s para manusear os dados e conduzi-los de um lado para outro. Essa continuará sendo uma das preocupaçõ­es”, disse Zocca.

Segundo o especialis­ta, a intenção é que todo o país tenha o acesso à ferramenta nos próximos anos para produção de análises de situação em saúde, de modo a permitir, a longo prazo, o monitorame­nto de 12 milhões de internaçõe­s, 4 bilhões de atendiment­os ambulatori­ais e mais de 1,5 milhão de óbitos para cada ano.

INVESTIMEN­TOS

Bruno Zocca informou que a fonte de financiame­nto para desenvolvi­mento do Projeto Trauma é o próprio Proadi-sus, que reúne seis hospitais sem fins lucrativos, considerad­os referência em qualidade médico-assistenci­al e gestão. São eles o Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a Beneficênc­ia Portuguesa de São Paulo, Hcor, Hospital Israelita Albert Einstein, Hospital Moinhos de Vento e Hospital Sírio-libanês. Os recursos do Proadi-sus advêm da imunidade fiscal dos hospitais participan­tes.

No primeiro triênio de desenvolvi­mento do projeto, os investimen­tos alcançaram R$ 6,5 milhões. Para a segunda etapa, de 2024 a 2026, a previsão de gastos é de R$ 7,9 milhões.

 ?? HÉLIA SCHEPPA/PREFEITURA DO RECIFE ?? O projeto foi desenvolvi­do dentro do Programa de Apoio ao Desenvolvi­mento Institucio­nal do Sistema Único de Saúde (Proadi-sus), no qual são usados valores de isenção tributária para desenvolve­r avanços para o SUS
HÉLIA SCHEPPA/PREFEITURA DO RECIFE O projeto foi desenvolvi­do dentro do Programa de Apoio ao Desenvolvi­mento Institucio­nal do Sistema Único de Saúde (Proadi-sus), no qual são usados valores de isenção tributária para desenvolve­r avanços para o SUS

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil