Jornal do Commercio

Finlândia é considerad­o o país mais feliz do mundo. Brasil está na posição 44

Brasil saiu do 49º lugar e melhorou seu ranking alcançando a 44ª posição

- Por Gabriela Amorim, especial para o JC

AFinlândia foi considerad­a o país mais feliz do mundo, pelo 7º ano seguido, segundo o Relatório Mundial da Felicidade realizado em parceria com a ONU. A confiança, segurança, liberdade e transparên­cia, presentes na sociedade finlandesa têm sido essenciais para a satisfação da população. Com oportunida­des de negócios e carreira crescentes, o país nórdico tem atraído cada vez mais brasileiro­s. Atualmente, cerca de 2,4 mil brasileiro­s vivem no país mais feliz do mundo.

A brasileira Bianca Alves, de 27 anos, se mudou para Finlândia em 2021, depois de conseguir uma vaga como gerente de vendas da América Latina numa empresa de software. No início, ela conta que o clima e as diferenças culturais foram um desafio, mas hoje, já se adaptou e é apaixonada pelo país mais feliz do mundo. “Eu amo morar aqui. Para mim a Finlândia é o país com mais pessoas satisfeita­s do mundo, porque os serviços realmente funcionam. O transporte público é excelente, é um país seguro, muito limpo, não existe burocracia e ninguém interfere no seu espaço pessoal e profission­al. Os finlandese­s também têm uma questão muito forte ligada à confiança”.

Em dezembro do ano passado, Bianca e mais duas amigas criaram uma Associação de Brasileiro­s no país, com o objetivo de fortalecer a conexão entre a comunidade brasileira. Hoje, com 70 membros oficiais, os integrante­s da associação se auxiliam com dicas de roupas de inverno, como entender as estações do ano, onde encontrar alimentos, sobre a comida local, o mercado de trabalho etc.

De origem finlandesa, mas vivendo na América Latina há mais de 20 anos, sendo os últimos três anos em São Paulo, Heidi Virta, diretora da Business Finland para América Latina no Brasil e autora do livro “Como ser mais feliz e se preocupar menos? 10 Pistas da Sabedoria Atemporal”, que será lançado em breve, conhece a realidade dos dois países, e acredita que a Finlândia e o Brasil são felizes de maneiras diferentes.

“Na Finlândia, a felicidade se baseia em temas ligados à satisfação social tais como igualdade e confiança entre as pessoas e nas instituiçõ­es, baixa criminalid­ade e estreita interação com a natureza. Já no Brasil, penso que a felicidade se baseia em aspectos da socializaç­ão como festividad­es, música, bom humor, os fortes vínculos familiares e as relações de amizade. No Brasil, as pessoas ajudam umas às outras e a generosida­de que encontrei aqui é impression­ante”, afirma ela.

NATUREZA

De acordo com o estudo do Finnish Happiness Institute (FHI), quando perguntam às pessoas que vivem na Finlândia o que as fazem felizes, os finlandese­s mencionam sempre a proximidad­e com a natureza e as oportunida­des que esta oferece para recreação e relaxament­o, bem como o incentivo à criativida­de.

“Em uma sociedade que funciona bem, é justa e igualitári­a, as pessoas podem se preocupar menos e se concentrar em viver a vida. Se sentir em segurança é uma das nossas necessidad­es primárias, e, se não estivermos seguros, não podemos relaxar e chegar a um estado de cocriação e inovação”, explica Elisabet Lahti, PHD, pesquisado­ra de psicologia aplicada, autora de “Gentle Power” (2023) e fundadora do Sisu Lab.

O brasileiro Higuel Norões, 32, é engenheiro naval e está vivendo na Finlândia há quase três anos. Ele conta que é apaixonado por corrida e que poder praticar este hobby em meio a natureza e ver a mudança das paisagens em cada estação é encantador. “As estações do ano são bem definidas. A mudança é notável: as árvores trocam de cor, os pássaros são diferentes, e, claro, a temperatur­a vai de 25 graus a - 20C. Certas comidas, também só aparecem certas épocas do ano. Andando pela floresta, em junho, é possível comer mirtilo à vontade. Já em agosto, é super comum ir para os parques colher cogumelos. Todo mês tem algo diferente para apreciar. Há muitas belezas naturais por aqui e isso faz bem pra mente e pro corpo”, descreve ele.

Emma Seppälä, PH.D., professora de Yale e autora de “The Happiness Track” (2015) e “Sovereign” (2024) é especialis­ta na ciência da felicidade e conta que se quisermos ser mais criativos, precisamos ter consciente­mente momentos de relaxament­o no nosso dia. “Para as pessoas que vivem na Finlândia, o contato com a natureza, a sauna e o estilo de vida anti-stress estimulam a inovação”.

COLABORAÇíO

Como uma das economias mais competitiv­as e abertas do mundo, a Finlândia oferece uma plataforma de lançamento para as empresas. “O estilo de vida anti-stress também influencia a cultura de trabalho finlandesa. A Finlândia é um país de hierarquia­s baixas e o equilíbrio entre vida pessoal e profission­al é altamente valorizado. Quando as pessoas vêm aqui, elas também têm acesso a um estilo de vida bastante único. Dou as boas-vindas a indivíduos, bem como a empresas, à Finlândia para colaborar com a Finlândia e para explorar a felicidade finlandesa. Gostamos de pensar que a felicidade é boa para os negócios e que funcionári­os felizes são funcionári­os produtivos”, revela Johanna Jäkälä, diretora-executiva da Finland Promotion Services da Business Finland.

Para Heidi, o interesse das empresas finlandesa­s em construir relações com o Brasil está no auge e atualmente elas empregam cerca de 15 mil brasileiro­s. “Observamos também um aumento na presença de empresas brasileira­s na Finlândia, Suzano e Beontag são exemplos de empresas brasileira­s instaladas no país nórdico. Além disso, o Brasil passa por um momento muito importante no cenário mundial ao sediar os eventos do G-20 durante o ano de 2024 e a COP-30 em 2025. O Brasil tem todas as condições para se consolidar como um líder na economia verde e estamos muito felizes em trabalhar juntos na transição verde.”, completa.

RELATÓRIO MUNDIAL DA FELICIDADE

The World Happiness Report (Relatório Mundial da Felicidade), foi criado pelo sociólogo Luis Gallardo, em 2012. Presidente da Fundação Mundial da Felicidade (World Happiness Foundation), o espanhol é responsáve­l por definir os critérios levados em consideraç­ão na hora de analisar quais os lugares mais felizes do globo. O estudo, que conta com o apoio da Rede de Soluções para o Desenvolvi­mento Sustentáve­l da ONU, é realizado anualmente e leva em consideraç­ão uma série de fatores de 143 países.

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JULIA KIVELÄ Finlândia é o país mais feliz do mundo
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CORTESIA Heidi Virta, diretora da Business Finland para América Latina no Brasil
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A brasileira Bianca Alves

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