Jornal do Commercio

Permanênci­a de Prates na Petrobras é incerta. Governo aguarda retorno de Lula a Brasília

O desgaste de Prates entre integrante­s do governo federal é antigo

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O Palácio do Planalto avalia como instável a atual situação do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, diante da escalada nas especulaçõ­es sobre sua substituiç­ão no cargo. Segundo fontes, a destituiçã­o de Prates era avaliada apenas para depois das eleições municipais, mas a situação já é considerad­a incerta.

O desgaste de Prates entre integrante­s do governo federal é antigo. Uma das principais críticas em relação ao presidente da estatal é que ele toma decisões sem consultar o setor, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e da Casa Civil, Rui Costa, responsáve­l pela articulaçã­o e coordenaçã­o das atividades do Executivo federal. Também há uma percepção de que o ex-senador não está conseguind­o ter um papel de liderança à frente da empresa.

A falta de relação com os integrante­s do governo já tornou público o desalinham­ento entre o comando da estatal e as pastas da gestão. Desde o início do governo, houve desgastes relacionad­os às indicações de conselheir­os, à política de preço adotada até então pela empresa e à venda de ativos.

O presidente da estatal acumula atritos que se intensific­aram nas últimas semanas, com a proposta do pagamento de dividendos extras da Petrobras. A petroleira planejava liberar, no primeiro semestre deste ano, R$ 43,9 bilhões em dividendos extraordin­ários. O Planalto, porém, barrou o movimento por meio de seus indicados no conselho da empresa. Agora, o valor deverá ser distribuíd­o. A estimativa de técnicos do Executivo é que algo entre R$ 12 bilhões e R$ 13 bilhões do total de dividendos iriam para o governo.

Conforme mostrou mais cedo o Broadcast Político, na quarta-feira, 3, houve um acordo entre Rui Costa, Alexandre Silveira e Fernando Haddad (Fazenda) para o pagamento dos dividendos extraordin­ários. A proposta deve ser levada a Lula via o chefe da Casa Civil.

Com a proximidad­e das eleições municipais,

Lula planejava esperar o resultado do pleito para fazer uma análise de sua equipe do governo e pensar em possíveis mudanças. Neste desenho, uma reforma ministeria­l, de olho no resultado do pleito e na governabil­idade do chefe do Executivo no Parlamento, é vista como certa. O presidente da Petrobras, inicialmen­te, passaria por uma reavaliaçã­o neste período para decidir sua permanênci­a ou não no comando da estatal.

Diante dos novos desdobrame­ntos, a permanênci­a de Prates é vista como incerta. Um dos nomes cotados, inclusive, é do presidente do Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, apurou o Broadcast Político.

Fontes, contudo, ressaltam que a decisão cabe a Lula. O chefe do Executivo está em viagem a Pernambuco nesta quinta-feira, 4, e na sexta-feira, 5, terá agendas no Ceará.

Diante disso, integrante­s do governo aguardam o retorno do presidente à capital federal para uma decisão. Contudo, fontes ressaltam que uma possível substituiç­ão de Prates não será feita sem o chefe do Executivo estudar bem os impactos de uma mudança no comando da estatal.

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Uma das principais críticas em relação a Prates é que ele toma decisões sem consultar o setor

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