Jornal do Commercio

Condutor de Porsche estava a mais de 130 km/h quando atingiu motorista de app, diz perícia

O Porsche 911 Carrera GTS estava a, pelo menos, 132 km/h quando atingiu o Renault Sandero do motorista de app. E a velocidade desenvolvi­da ainda pode ser maior

- ROBERTA SOARES

Omotorista do Porsche que atingiu e matou um motorista de aplicativo em uma violenta colisão no domingo (31/3), em São Paulo, estava a mais de 130 km/h, apesar de a velocidade da via ser de 50 km/h. A conclusão é de uma análise realizada por um perito especializ­ado em sinistros de trânsito (não é mais acidente de trânsito que se define). As informaçõe­s são do Uol.

Segundo o software utilizado, o Porsche 911 Carrera GTS estava a, pelo menos, 132 km/h quando atingiu o Renault Sandero do motorista de app. O Porsche envolvido na colisão era avaliado em mais de R$ 1 milhão.

O cálculo, inclusive, é considerad­o bem conservado­r, segundo o perito. Ou seja, a velocidade real pode ser maior. 132 km/h é um nível de velocidade, fisicament­e falando, altíssimo, em termos de energia, força e distância de parada”, opina o especialis­ta.

Durante depoimento à Polícia Civil, Fernando Sastre assumiu que estava “um pouco acima do limite de velocidade, mas não muito” quando atingiu o veículo em que estava Ornaldo da Silva Viana, a vítima de 52 anos.

Ainda de acordo com o perito consultado pelo Uol, em casos como esse a velocidade do veículo é fundamenta­l para a apuração da responsabi­lidade do condutor, pois ela torna o acidente inevitável para todos os envolvidos.

“A alta velocidade aumenta muito a gravidade da colisão, a distância de reação e de parada são muito maiores. Tornando o sinistro inevitável, não permite reação nenhuma da vítima, que recebe uma carga por trás, e nem do condutor, que vai ter um tempo de reação muito reduzido”. Para se ter uma ideia, de acordo com o software utilizado na análise da cena, o Porsche percorreu 3,66 m em apenas 0,1 segundo”, afirmou.

MOTORISTA É INDICIADO POR HOMICÍDIO DOLOSO (DOLO EVENTUAL), MAS NÃO FICA PRESO

O motorista do Porsche, identifica­do como

Fernando Sastre de Andrade Filho, de 24 anos, foi indiciado por homicídio doloso (quando há intenção de matar), lesão corporal e fuga de local de acidente pela morte de Ornaldo da Silva Viana. A polícia solicitou a prisão temporária dele, mas o pedido não foi aceito pela Justiça.

O condutor fugiu do local da colisão e não fez o teste de alcoolemia, mesmo com a presença de policiais militares. Em nota, a Secretaria da Segurança Pública disse que a “Polícia Militar instaurou uma investigaç­ão preliminar para apurar a conduta dos policiais durante a ocorrência”.

MOTORISTA NEGA TER BEBIDO E ADMITE ESTAR ACIMA DA VELOCIDADE

O empresário negou à polícia ter consumido bebidas alcoólicas antes de dirigir, mas admitiu que estava acima da velocidade limite da via.

Nas palavras do condutor, ele dirigia o Porsche “um pouco acima” do limite de velocidade da Avenida Salim Farah Maluf quando bateu na traseira do Renault Sandero. O limite da via é de 50 km/h e, apesar da declaração do motorista, a perícia apontou que a velocidade desenvolvi­da era de 130 km/h.

As afirmações do empresário constam no depoimento dado à Polícia Civil, ao qual o jornal o Estado de São Paulo teve acesso. Ele se apresentou na segunda-feira, 1º, na delegacia que investiga o caso, quase 40 horas após o sinistro de trânsito (não é mais acidente que se define). A Justiça de São Paulo negou o pedido de prisão que havia sido feito pela Polícia Civil.

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Polícia Civil o autuou por homicídio doloso (intenciona­l) com dolo eventual (quando a pessoa não quer matar, mas tem atitudes que levam a isso)
FOTO: DIVULGAÇÃO/POLICIA CIVIL FOTO: POLICIA CIVIL SP A Polícia Civil o autuou por homicídio doloso (intenciona­l) com dolo eventual (quando a pessoa não quer matar, mas tem atitudes que levam a isso)

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