REV. JOSÉ ROBERTO DE SOUZA
Um dos motivos que tem nos inquietado em pesquisar a vida e as contribuições do Reverendo e professor Jerônimo Gueiros, deve-se ao fato de que, em certa ocasião quando realizávamos as nossas pesquisas no acervo histórico do Seminário Presbiteriano do Norte (SPN), já na condição de docente na área de História da Igreja, nessa mesma instituição, nos deparamos com uma espécie de um livro em formato de um álbum, onde havia inúmeros recortes de jornais. Curiosamente, todos esses recortes tinham algo incomum: a data e o assunto. Na realidade todos os recortes estavam relacionados aos inúmeros anúncios fúnebres, referente ao falecimento do Reverendo Jerônimo. Nesses recortes podemos encontrar várias expressões de sentimentos referentes à partida do professor Jerônimo, pois, era assim que também era chamado. Um daqueles recortes de um dos jornais nos chamou maior atenção. Na realidade é uma imagem do dia do velório do Reverendo Jerônimo, onde mostra a Avenida Conde da Boa Vista - Recife (onde está localizada a IP da Boa Vista, a qual foi fundada e era pastoreada pelo Reverendo Jerônimo), completamente lotada de pessoas que estavam ali para se despedir do pastor, professor e amigo.
Na proporção que víamos aquela imagem, ficamos a pensar: O que fez com que a vida de um pastor protestante causasse tanta comoção na sua partida? O que foi que o Revendo Jerônimo fez para ter sido diferente?
Foi a partir desse momento, e dessas naturais inquietações, que passamos a ter interesses em pesquisar sobre a sua vida. Devido a sua importância no mundo acadêmico, bem como, o seu destaque no âmbito ministerial, Jerônimo por esses motivos, passou a ganhar alguns adjetivos que refletiam o seu perfil. Esses adjetivos dependiam da localização geográfica, por exemplo, entre os evangélicos do Norte era conhecido como “A Águia do Norte”. Entre os do Sul, talvez por ser pernambucano, era conhecido como “O Leão do Norte”. Ambas essas denominações sublinhavam o grande poder de suas palavras, como pregador e orador, jornalista e polemista.
Devido a sua grande influência e capacidade não custou para que naturalmente, Jerônimo se destacasse e chamasse a atenção até mesmo do governador pernambucano, pois em 1920, o Dr. José Bezerra Cavalcanti, o convida para dirigir a Escola Normal Oficial do Estado, da qual, além de diretor, foi docente de História da Civilização. Quando eleito para ocupar uma das cadeiras na Academia Pernambucana de Letras, ocupada anteriormente pelo patrono, o general Abreu e Lima, Jerônimo, no seu discurso de posse, demonstra ter total consciência da relevância do seu papel social, relembra as suas origens, mas, não se furta de externar publicamente a sua missão primordial, que segundo ele mesmo, era pregar o Evangelho.
O certo é que, a morte do professor Jerônimo Gueiros foi sentida no meio intelectual pernambucano, assim como em todos os outros, não só porque pertencia à Academia Pernambucana de Letras, ao Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco, além de várias associações culturais brasileiras e estrangeiras e, assim, conseguira firmar, com sua personalidade, o caminho de uma obra literária de grande valor e que, vale salientar, expressava forte teor humanista.
Para que possamos ter uma ideia e um pouco de noção da sua relevância, o Diário de Pernambuco (07 de abril de 1953) chegou a afirmar que enquanto o seu corpo era transportado para o cemitério de Santo Amaro (Recifepe), o cortejo além de ter sido acompanhado por milhares de pessoas, também foi seguido por uns quatrocentos veículos. Vale salientar que estamos falando de meados do século XX, onde ter um veículo era um luxo para poucos. Além disso, já havia pessoas que lotavam o cemitério na espera, para prestar as suas últimas homenagens ao nobre pastor e professor.
ÀS SUAS ORIGENS, MAS, NÃO SE FURTA DE EXTERNAR PUBLICAMENTE A SUA MISSÃO PRIMORDIAL, QUE SEGUNDO ELE MESMO, ERA PREGAR O