Jornal do Commercio

Defesa de Chiquinho Brazão questiona STF e apela à CCJ para tentar revogar prisão

O deputado está preso desde 24 de março por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF)

-

Adefesa do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-rj) pediu nesta segunda-feira, 8, que sua prisão preventiva seja revogada pela Câmara dos Deputados. Os advogados enviaram seus argumentos à Comissão de Constituiç­ão e Justiça (CCJ).

O deputado está preso desde 24 de março por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de ser o mandante do assassinat­o da vereadora Marielle Franco, que vitimou também o motorista Anderson Gomes.

COMPETÊNCI­A DO SUPREMO

O memorial da defesa questiona a competênci­a do STF para processar e julgar o caso. Pela jurisprudê­ncia do tribunal, o foro privilegia­do só vale para crimes cometidos no exercício do mandato e relacionad­os ao cargo. Quando Marielle foi morta, em março de 2018, Chiquinho Brazão era vereador no Rio.

Ao decretar a prisão, o ministro Alexandre de Moraes justificou, no entanto, que houve tentativas de obstrução da investigaç­ão quando Chiquinho Brazão já exercia o mandato de deputado federal. Para a defesa, houve ampliação indevida da interpreta­ção sobre o alcance do foro privilegia­do.

“Com efeito, se a prisão foi ordenada por autoridade incompeten­te, ela deve ser considerad­a ilegal e imediatame­nte relaxada”, diz um trecho do documento.

PRISÃO DE DEPUTADO

Outro argumento da defesa gira em torno das hipóteses previstas na Constituiç­ão para a prisão de deputados e senadores. O texto constituci­onal estabelece que um parlamenta­r só pode ser preso em flagrante delito de crime inafiançáv­el. Na avaliação dos advogados, não houve flagrante. Moraes, por sua vez, afirmou na ordem de prisão que houve “flagrante delito pela prática do crime de obstrução de Justiça em organizaçã­o criminosa”.

“Os únicos crimes inafiançáv­eis investigad­os são os homicídios das vítimas Marielle e Anderson, que são datados de março de 2018. Não há qualquer estado de flagrância que, quanto a tais delitos, justifique a prisão de Francisco Brazão seis anos depois do fato. Qualquer outro delito, ainda que atual - tal como eventual embaraço à investigaç­ão -, não se enquadra no rol taxativo de crimes inafiançáv­eis”, afirmam os advogados.

Como Chiquinho Brazão é deputado, a Câmara precisa analisar a ordem de prisão e decidir se mantém ou não a preventiva decretada pelo STF. O caso será debatido primeiro na Comissão de Constituiç­ão e Justiça e, após o parecer da CCJ, segue para votação no plenário.

 ?? CAIO CÉSAR/CMRJ ?? Deputado Chiquinho Brazão está preso preventiva­mente
CAIO CÉSAR/CMRJ Deputado Chiquinho Brazão está preso preventiva­mente

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil