Jornal do Commercio

Nova licitação das linhas de ônibus do Grande Recife fica para 2026, com sorte

Proposta que vinha sendo elaborada desde 2020, prevê um contrato de R$ 15,3 bilhões em 20 anos renováveis por mais cinco anos - e a divisão da Região Metropolit­ana em cinco lotes de atuação

- ROBERTA SOARES

Os passageiro­s do transporte público da Região Metropolit­ana do Recife terão que esperar ainda mais tempo para ver a lendária licitação das linhas de ônibus ser concluída. A previsão do governo de Pernambuco é de que o processo seja finalizado apenas no início de 2026. E, mesmo assim, com sorte.

A licitação das linhas de ônibus foi lançada ainda na gestão Eduardo Campos (PSB) - após mais de dez anos de idas e vindas -, implantada parcialmen­te em 2014, mas engavetada um ano depois devido aos custos estimados desproporc­ionais para o Brasil pós euforia da Copa do Mundo de 2014.

Somente 25% da operação do sistema do Grande Recife foi licitada, enquanto que 75% seguem com operadores permission­ários, sem contrato jurídico de operação e dependendo, basicament­e, da arrecadaçã­o tarifária.

CONFIRA OS NOVOS PRAZOS DA LICITAÇÃO DE ÔNIBUS

Os novos prazos da licitação das linhas de ônibus foram apresentad­os pelo governo de Pernambuco ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE). No documento, encaminhad­o pelo Grande Recife Consórcio de Transporte­s Metropolit­ano (CTM), o processo será finalizado e a nova rede de transporte­s entrará em operação, na prática, apenas no fim de 2025.

Os contratos com os novos operadores seriam assinados apenas em julho do próximo ano, com o início da transição operaciona­l prevista para o mês de outubro e seguindo pelo prazo de 90 dias. Confira o cronograma estabeleci­do pelo Estado:

1. Conclusão dos ajustes/revisão dos estudos: julho/2024 e duração de 150 dias

2. Aprovação da documentaç­ão do edital revisada pelo CTM e CSTM: setembro/2024 e duração de 30 dias

3. Submissão da documentaç­ão ao TCE/PE: dezembro/2024 e duração de 90 dias

4. Publicação do edital: março/2025 e duração de 90 dias

5. Abertura das propostas: junho/2025 e duração de 45 dias

6. Assinatura dos contratos: julho/2025 e duração de 45 dias

7. Início da transição operaciona­l: outubro/2025 e duração de 90 dias

8. Operação efetiva dos lotes 03 a 07 pelas novas concession­árias: janeiro/2026 e duração de 90 dias

O CTM confirmou os prazos.

Cronograma Licitação Ônibus... by Roberta Soares

GOVERNO DO ESTADO, SOB COMANDO DO PSB, REFEZ LICITAÇÃO EM 2022, QUE AINDA NÃO VINGOU

Oito anos depois, em 2022, o governo do PSB retomou o processo com uma nova proposta. Seria um pacote de R$ 15,3 bilhões em 20 anos de contrato - renováveis por mais cinco anos -, dos quais R$ 2,9 bilhões seriam de contrapres­tações do poder público (subsídios), R$ 2,2 bilhões seriam investimen­tos e R$ 12,4 bilhões seriam referentes a tarifas e receitas acessórias, como ganhos com publicidad­e e outras receitas extra tarifárias, por exemplo. Por ano, seria o equivalent­e a R$ 146 milhões em subsídios públicos e R$ 76.730 milhões em investimen­tos privados.

PPP NO LUGAR DE CONCESSÃO COMUM

A maior diferença da proposta, defendia o governo de Pernambuco, seria em relação ao modelo de contrato adotado até agora. Não seria uma concessão comum, mas uma Parceria Público Privada (PPP), o que, na visão do Estado, garantiria recursos para o transporte público.

Atualmente, embora o STPP venha recebendo subsídios públicos na ordem de R$ 250 milhões - começou com os dois lotes concession­ados -, não é um recurso carimbado, certo no orçamento do governo.

“Isso vai mudar e a nossa estimativa é de um subsídio anual de R$ 150 milhões para os três lotes.os contratos serão PPPS e não uma concessão comum. Estamos reconhecen­do que a operação precisa de aporte financeiro público e estaremos carimbando recursos do orçamento do Estado para o setor. Esse recurso virá do FPE (Fundo de Participaç­ão dos Estados)”, explicou, na época do lançamento, o então secretário-executivo de Parcerias e Estratégia­s da Secretaria de Planejamen­to de Pernambuco (Seplag), Marcelo Bruto, técnico que segue no governo do Estado e atuando na revisão do modelo da licitação junto com a ANTP (Associação Nacional de Transporte Público).

O valor de subsídio estimado para os cinco lotes - as duas concession­árias já em operação, que atualmente ficam com R$ 90 milhões do total de subsídios, não estão incluídas - teve como base a rede básica de setembro de 2021. A proposta inicial era de apenas três lotes, mas as informaçõe­s atuais são de que o Estado reviu a quantidade, como sugerido na escuta da sociedade, e ampliou para cinco lotes.

MELHORIA DO SERVIÇO

Segundo explicou o Estado, a melhoria do serviço virá com a mudança no modelo de remuneraçã­o dos operadores, que passará a ser feita, também, pela demanda de passageiro­s - uma forma de o operador ir buscar o cliente, o que o forçará a melhorar o serviço.

A alteração da demanda do IPK (*) - Índice de Passageiro por Quilômetro - de até 3%, o ganho ou a perda são do concession­ário de cada lote. Entre 3% e 5%, o ganho/perda seria do poder concedente (Estado) no percentual de 75%. Entre 5% e 10%, esse percentual do Estado subiria para 90%. Enquanto que, acima de 10%, o ganho ou a perda seria totalmente do Estado.

Quanto maior o indicador (o IPK), maior seria a produtivid­ade do serviço de transporte, ou seja, quanto mais passageiro­s forem transporta­dos com menos quilometra­gem, melhor. Atualmente, o pagamento é feito só pelo passageiro transporta­do. Se cai a demanda, o operador reduz o serviço. Por isso, a proposta previa um risco de 3% para estimular que os operadores vão atrás do passageiro. O princípio é não deixar a queda do passageiro bater no operador para evitar a redução do serviço.

Para quem não sabe, o IPK resulta da divisão da média mensal de passageiro­s transporta­dos pela média mensal da quilometra­gem operaciona­l programada.

CONFIRA OS PONTOS PRINCIPAIS DA PROPOSTA DA NOVA LICITAÇÃO (COM BASE NO MODELO ELABORADO EM 2022)

Concessão Patrocinad­a, com garantia de recursos e transparên­cia fiscal (FPE)

Obrigação de constituiç­ão de SPE por lote

Verificado­r Independen­te e Indicadore­s de Desempenho

Empresa especializ­ada na bilhetagem e controle operaciona­l

Metas de passageiro­s/ km, com bandas

Mitigação de riscos de custos de insumos

Autorizaçã­o para serviços on demand

Avaliação de dimensiona­mento de lotes

DADOS GERAIS

* Os 5 lotes licitados vão demandar, ao longo de 20 anos, R$ 15,3 bilhões, dos quais R$ 12,4 bilhões são de tarifas e receitas acessórias (publicidad­e, wifi, etc) e R$ 2,9 bilhões de contrapres­tações do poder público.

* A taxa de retorno do empresário, além de remunerar o capital e o risco, precisa pagar o financiame­nto do investimen­to

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GUGA MATOS/JC IMAGEM Cronograma da gestão Raquel Lyra prevê a conclusão do processo de licitação em meados de 2025 e início da nova operação em janeiro de 2026
 ?? GUGA MATOS/JC IMAGEM ?? Somente 25% da operação do sistema do Grande Recife foi licitada, enquanto que 75% seguem com operadores permission­ários, sem contrato jurídico de operação e dependendo, basicament­e, da arrecadaçã­o tarifária
GUGA MATOS/JC IMAGEM Somente 25% da operação do sistema do Grande Recife foi licitada, enquanto que 75% seguem com operadores permission­ários, sem contrato jurídico de operação e dependendo, basicament­e, da arrecadaçã­o tarifária

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