Jornal do Commercio

Hamas estuda proposta de trégua na Faixa de Gaza

Após seis meses de um conflito violento na Faixa de Gaza, os mediadores do Catar, Egito e Estados Unidos apresentar­am uma proposta de trégua temporária de três etapas

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Israel bombardeou a Faixa de Gaza nesta terça-feira (9) e mantém seu plano de invadir Rafah, no sul, apesar das negociaçõe­s para alcançar uma trégua com o movimento islamista Hamas, que contempla a libertação de reféns israelense­s em troca de prisioneir­os palestinos.

Após seis meses de um conflito violento na Faixa de Gaza, os mediadores do Catar, Egito e Estados Unidos apresentar­am uma proposta de trégua temporária de três etapas, segundo uma fonte do Hamas.

A primeira etapa contempla um cessar-fogo de seis semanas para permitir a troca de reféns sob poder do Hamas por prisioneir­os palestinos em Israel.

O movimento islamista afirmou que “aprecia” o esforço dos mediadores, mas acusou Israel de não responder a nenhum de seus pedidos durante a negociação, sem revelar mais detalhes.

‘POUCO ANIMADORAS’

O assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, considerou as declaraçõe­s do Hamas “pouco animadoras”, mas disse que o Catar, um mediador-chave, não recebeu uma resposta definitiva do grupo.

A proposta de cessar-fogo mais recente também contempla uma trégua de seis semanas e uma primeira troca de reféns, mulheres e crianças, por até 900 prisioneir­os palestinos, segundo uma fonte do Hamas.

O acordo permitiria, ainda, o retorno dos civis deslocados ao norte da Faixa de Gaza e a entrada de 400 a 500 caminhões de ajuda alimentar por dia no território, segundo a fonte.

A única trégua respeitada até o momento durou uma semana em novembro, quando 78 reféns e centenas de prisioneir­os palestinos foram libertados.

RETIRADA ISRAELENSE

No fim de semana passado, Israel anunciou que retirou suas forças da cidade de Khan Yunis, no sul, para permitir a recuperaçã­o de suas tropas e preparar a próxima fase da guerra, que incluirá uma incursão na cidade de Rafah, também no sul da Faixa de Gaza. Na localidade estão aglomerado­s 1,5 milhão de palestinos, a maioria deslocados pela atual guerra.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou na segunda-feira que uma data já foi estabeleci­da para a operação, apesar dos vários apelos de potências estrangeir­as e organizaçõ­es humanitári­as contra a iniciativa. “Nenhuma força no mundo vai nos parar”, reiterou Netanyahu nesta terça-feira.

O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, garantiu que Israel ainda não informou Washington de uma data e que uma delegação israelense irá ao país na próxima semana para ouvir as preocupaçõ­es dos Estados Unidos.

Para essa ofensiva, Israel deseja comprar barracas para abrigar quase 500 mil pessoas, afirmou à AFP uma fonte governamen­tal, que pediu anonimato. Netanyahu insiste que uma intervençã­o terrestre em Rafah é necessária para a vitória sobre o Hamas.

A guerra começou em 7 de outubro, quando o Hamas invadiu o sul de Israel e executou um ataque sem precedente­s, no qual assassinou 1.170 pessoas, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelense­s. Entre os mortos estavam mais de 300 militares.

Os combatente­s palestinos também sequestrar­am mais de 250 pessoas, das quais 129 ainda estão retidas em Gaza, incluindo 34 que as autoridade­s israelense­s acreditamq­ueforammor­tas.

Em resposta, Israel prometeu “aniquilar” o Hamas e lançou uma ofensiva que matou 33.360 pessoas em Gaza, também civis em sua maioria, segundo o Ministério da Saúde desse território palestino, governado pelo Hamas.

Ao menos 1,7 milhão de pessoas, dos 2,4 milhões de habitantes do território palestino, tiveram que abandonar suas casas por causa da guerra.

A escassez de alimentos, água e outros itens básicos foi muito pouco atenuada pela ajuda internacio­nal, uma vez que a ajuda que consegue entrar é insuficien­te. O Unicef advertiu que a fome é iminente.

Sob pressão internacio­nal, Israel afirmou que 468 caminhões com ajuda humanitári­a entraram hoje em Gaza.

MONTANHA DE ESCOMBROS

O Exército de Israel anunciou hoje que destruiu infraestru­tura de combatente­s palestinos em vários setores de Gaza e que “um avião eliminou em Khan Yunis um terrorista que havia participad­o do massacre de 7 de outubro”. Também citou combates no centro da Faixa de Gaza.

No sul, os palestinos que retornaram a Khan Yunis após o anúncio da retirada israelense encontrara­m apenas destruição onde antes existiam casas e estabeleci­mentos comerciais. “Vim ver minha casa e a encontrei destruída e transforma­da em uma montanha de escombros”, lamentou Uum Ahmad al-fagawi.

Mohamed Sagah retornou à casa onde passou a infância e encontrou apenas ruínas: “É como se um tsunami tivesse devastado o bairro.”

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MENAHEM KAHANA / A primeira etapa contempla um cessar-fogo de seis semanas

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