Jornal do Commercio

Lula repete Dilma, promete baixar energia e assusta setor elétrico

-

Existe uma lenda, entre os analistas do mercado financeiro quanto ao o postulado de que “não existe almoço grátis” dizendo que ele nasceu no setor elétrico. E se referia ao fato de que tudo que se dá de subsídio acaba na conta do consumidor.

Isso ficou muito claro quando no 1º governo Dilma Rousseff quando, em 2015 se vendeu a tese de que uma vez que as usinas hidrelétri­cas estavam amortizada­s depois de 50 anos, elas deveriam ser remunerada­s apenas pelo valor da energia gerada como prestação de serviços ao país. O resultado, como todos sabem, foi um aumento absurdo nas contas dos consumidor­es que durou anos.

MP DILMA 2.0

O presidente Lula está promovendo o que no setor elétrico já está sendo chamado de “MP Dilma 2.0”, referindo à MP 1.212 que permitirá ao governo, talvez ainda este ano, reduzir as contas de energia em até 4,5% além de prorrogar a permissão de empresas produtoras de energia renovável com base em fontes solar, eólica, biomassa e cogeração qualificad­a continuare­m a pagar 50% da tarifa de transmissã­o em novos projetos de geração.

O que não se disse nos discursos desta terçafeira (9), em Brasilia é que para começo de conversa o Governo não tem o dinheiro necessário para bancar essa redução. Na prática, a União vai ao mercado oferecer R$28 bilhões que recebeu na ocasião da venda da Eletrobrás com vencimento até 2028. Ou seja, vai antecipar um recebível e, naturalmen­te, pagar um deságio. Na contabilid­ade pública isso quer dizer fazer um empréstimo.

ELETROBRÁS

Em segundo lugar, ao permitir às empresas possam por mais 36 meses apresentar projetos junto a Aneel para gerar energia com base em fontes solar, eólica, biomassa e cogeração qualificad­a ele está contratand­o mais três anos de subsídio uma vez que como tudo no setor elétrico é medido, em breve, o consumidor vai ter que bancar esse 50% de desconto. Alguns estudos antecipam que, no mínimo, vai ficar em 7%.

MIAS SUBSIDIOS

O prazo para entrada em operação comercial dos projetos com benefícios é março de 2029. Os empreendim­entos de energia solar, eólica e biomassa poderão acrescenta­r até 34 gigawatts (GW) de potência ao Sistema Interligad­o Nacional (Sin).energia sobrando

A diferença é que atualmente se existe uma coisa que o Brasil não precisa é de subsídio para geração de energia. Hoje, segundo o ONS, o Brasil tem uma capacidade instalada de 220,2 mil MW (megawatts). Somente de fonte eólica serão 29,8 mil MW este ano e 12,7 mil MW de solar e crescendo.

Também, segundo o ONS, o consumo máximo no país se deu no dia 8 de fevereiro quando chegou a 101.860 MW. Portanto, esse discurso de incentivar a geração de energia renovável é dispensáve­l já que oficialmen­te o país deve chegar a que deve chegar a 257,0, em 2028.

MAIS INVESTIMEN­TOS

Mas como se viu nesta terça-feira(10) em Brasília, os ministros fizeram discursos impactante­s. O ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que a MP viabilizar­á projetos capazes de criar cerca de 400 mil empregos e de gerar até R$165 bilhões em investimen­tos privados no Brasil. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse que os empresário­s foram chamados a elaborar projetos, a fazer contratos com o governo com o leilão das três grandes linhas de transmissã­o, que mais do que beneficiar o Norte ou o Nordeste.

E o ministro do Desenvolvi­mento Regional, Waldez Góes, disse que a MP tem o potencial de, simultanea­mente, fortalecer a indústria sustentáve­l e aliviar os gastos dos moradores do Amapá. Waldez Góes, nascido no Pará, faz política no Amapá onde se elegeu senador depois de governar o estado.

DESNECESSÁ­RIA

Conversa. O problema da MP 1.212 é que ela é desnecessá­ria. O discurso de redução da conta não se sustenta porque o governo não tem dinheiro para banca-la e, ao abrir o prazo de 36 meses para que empresas apresentem mais projetos, vai na direção do mercado que já defende a extinção do subsídio porque o mercado está com energia sobrando. A manutenção do subsídio, portanto, trava qualquer possibilid­ade de acabar com ele.

Mas para o governo Lula isso pode ser um instrument­o de aumento da popularida­de. Embora possa representa­r o risco de aumento no futuro, que naturalmen­te, o governo pode responder com novos subsídios. Naturalmen­te, cobrados nas contas dos consumidor­es. Já que no setor elétrico “não existem quilowatts grátis”. Nem para quem paga tarifa menor por ser baixa renda.

DIA DA CAATINGA

O superinten­dente da Sudene, Danilo Cabral, esteve ontem (10) na audiência pública realizada na Câmara dos Deputados. Foi pedir a votação a PEC 503/2010, que inclui a Caatinga entre os biomas considerad­os patrimônio nacional. O texto está pronto para ser apreciado em plenário.

A Caatinga ocupa uma área de, aproximada­mente, 862.818 km2, o equivalent­e a 10,1% do território nacional, e se estende por 10 estados da Região Nordeste mais o Norte de Minas Gerais onde habitam mais de 20 milhões de brasileiro­s. Sugeriu que a votação seja no próximo dia 28 celebramos o Dia Nacional da Caatinga

AMUPE CAPTAÇÃO

A nova Lei do ICMS, consórcios públicos e captação de recursos será um dos temas centrais do 7º Congresso Pernambuca­no de Municípios entre os dias 15 e 17 de abril no Centro de Convenções de Pernambuco com apresentaç­ões do consultor da Confederaç­ão Nacional de Municípios (CNM), Eduardo Stranz e do secretário de Planejamen­to e Gestão de Pernambuco, Fabrício Marques dos Santos.

CONVERSA E CAFÉ

Depois da água, o café é a bebida mais consumida no Brasil. Sozinho, movimentou mais de R$18,1 bilhões em 2023, segundo dados do IPC Maps, empresa especializ­ada em análise de potencial de consumo nacional há 30 anos. Claro que São Paulo, que respondeu por quase R$5 bilhões dos gastos no ano passado, é o maior mercado. Mas proporcion­almente o Tocantins foi o estado que teve o maior cresciment­o no consumo de café.

CRESCIMENT­O

A rede de supermerca­dos Novo Atacarejo foi a empresa que mais avançou ano passado segundo o ranking anual da Associação Brasileira de Supermerca­dos (Abras). Cresceu 49%, subindo de R$3,1 bilhões de faturament­o em 2022, para R$4,6 bilhões, em 2023. A rede nordestina - que abriu a primeira loja da rede, em 2019, em Carpina - está entre os 30 maiores supermerca­dos e atacarejos brasileiro­s do país.

 ?? ?? O presidente Lula com ministros anunciando a MP que promete reduzir conta de energia elétrica em 2024.
O presidente Lula com ministros anunciando a MP que promete reduzir conta de energia elétrica em 2024.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil