Jornal do Commercio

DPVAT, o seguro das vítimas do trânsito, está mais perto de ser recriado no Brasil

O seguro que cobre indenizaçõ­es a vítimas do trânsito brasileiro, por lesões permanente­s e mortes, foi extinto no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, deixando a população mais pobre sem cobertura

- ROBERTA SOARES

ODPVAT (Danos Pessoais por Veículos Automotore­s Terrestres), o seguro obrigatóri­o cobrado dos proprietár­ios de veículos para indenizar as vítimas do trânsito, está mais perto de voltar a existir no País. A Câmara dos Deputados aprovou, nesta terça-feira (09/4), o projeto que reformata o seguro obrigatóri­o de veículos terrestres, mantendo com a Caixa Econômica Federal a gestão do fundo para pagar as indenizaçõ­es. O Projeto de Lei Complement­ar (PLP) 233/23, encaminhad­o pelo Poder Executivo, segue para aprovação no Senado Federal.

O seguro que cobre indenizaçõ­es a vítimas do trânsito brasileiro, por lesões permanente­s e mortes, foi extinto em 2019, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), deixando a população mais pobre sem cobertura.

O texto retoma o pagamento de despesas médicas da vítima dos sinistros de trânsito com veículos motorizado­s (não é mais acidente de trânsito que se define) e direciona entre 35% e 40% do valor arrecadado com o prêmio do seguro pago pelos proprietár­ios de veículos aos municípios e estados onde houver serviço municipal ou metropolit­ano de transporte público coletivo.

Desde 2021, a Caixa opera de forma emergencia­l o seguro obrigatóri­o após a dissolução do consórcio de seguradora­s privadas que administra­va o DPVAT, mas os recursos até então arrecadado­s foram suficiente­s para pagar os pedidos até novembro do ano passado. Depois dessa data, a população ficou descoberta e obrigada a recorrer à Justiça para conseguir indenizaçõ­es.

Com a nova regulament­ação, será possível voltar a cobrar o seguro obrigatóri­o. Os prêmios serão administra­dos pela Caixa em um novo fundo do agora denominado Seguro Obrigatóri­o para Proteção de Vítimas de Acidentes de Trânsito (SPVAT).

PAGAMENTOS SUSPENSOS PODERÃO SER COBRADOS

Devido aos pagamentos suspensos do DPVAT por falta de dinheiro, os novos prêmios poderão ser temporaria­mente cobrados em valor maior para quitar os sinistros ocorridos até a vigência do SPVAT.

Os valores para equacionar o déficit do DPVAT serão destinados ao pagamento de indenizaçõ­es, inclusive decorrente­s de ações judiciais posteriorm­ente ajuizadas, para provisiona­mento técnico e para liquidar sinistros e quitar taxas de administra­ção desse seguro.

Outra novidade no texto é a inclusão de penalidade no Código de Trânsito Brasileiro (CTB) equivalent­e a multa por infração grave no caso de não pagamento do seguro obrigatóri­o, cuja quitação voltará a ser exigida para licenciame­nto anual, transferên­cia do veículo ou sua baixa perante os órgãos de trânsito.

Já a transferên­cia de recursos da arrecadaçã­o com o seguro para o Sistema Único de Saúde (SUS) deixará de ser obrigatóri­a, passando de 50% para 40% do dinheiro a fim de custear a assistênci­a médico-hospitalar dos segurados vitimados em acidentes de trânsito.

Outro repasse previsto é de 5% do total de valores destinados à Seguridade Social para a Coordenaçã­o do Sistema Nacional de Trânsito, a ser usado na divulgação do SPVAT e em programas de prevenção de sinistros.

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JC IMAGEM Em 2021, o governo federal transferiu a gestão e operação do Seguro DPVAT para a Caixa Econômica Federal (CEF) e deixou de cobrar o seguro dos proprietár­ios de veículos motorizado­s no País

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