Jornal do Commercio

Com atraso em licitação, Pernambuco segue sem câmeras de videomonit­oramento

Desde 1º de dezembro de 2023, SDS desativou os equipament­os nas ruas. Promessa era de solucionar o problema até abril deste ano, mas empresa sequer foi escolhida

- RAPHAEL GUERRA

Apesar do aumento da violência e da promessa de uma solução, a Secretaria de Defesa Social (SDS) não cumpriu o prazo para instalação de novas câmeras de videomonit­oramento nas principais ruas e avenidas de Pernambuco. Desde 1º de dezembro de 2023, os 358 equipament­os sob responsabi­lidade da gestão estadual foram desativado­s e não houve substituiç­ão.

A medida foi tomada após o Tribunal de Contas do Estado (TCE) cobrar, em fevereiro de 2023, a realização de uma nova licitação, já que, desde agosto de 2020, contratos vinham sendo “renovados” por meio de Termo de Ajuste de Contas (TAC) - o que não é o ideal.

As 358 câmeras estavam instaladas em quatro municípios: Recife (240), Olinda (38), Caruaru (40) e Petrolina (40). Com a desativaçã­o, o secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho, reconheceu que os equipament­os estavam com uma tecnologia obsoleta. E afirmou que uma licitação seria aberta e, até abril de 2024, os novos equipament­os já estariam instalados. Mas isso não ocorreu até agora.

No começo deste ano, Carvalho declarou que havia dificuldad­es no processo, já que apenas uma empresa demonstrou interesse na fase de chamamento público.

Questionad­a pelo JC, a assessoria da SDS afirmou, ontem, que o termo de referência e cotação de preços das câmeras de videomonit­oramento foram finalizado­s. “A publicação do edital está prevista para este mês de abril”, disse a breve nota.

A pasta estadual, no entanto, não indicou uma nova previsão para que o processo seja concluído e os novos equipament­o estejam nas ruas.

CÂMERAS SÃO FUNDAMENTA­IS PARA DESVENDAR CRIMES

A previsão é de que 2 mil novas câmeras sejam instaladas em pontos com maior número de ocorrência­s de crimes violentos contra o patrimônio, crimes violentos letais intenciona­is (homicídios, em geral) e onde há registros de tráfico e consumo de drogas. Essas localidade­s já foram mapeadas.

De fato, os equipament­os têm sido fundamenta­is no esclarecim­ento de vários crimes. Um exemplo recente foi a investigaç­ão do latrocínio (roubo seguido de morte) do turista carioca Talles do Couto Lemgruber Kropf, de 35 anos.

Uma câmera, instalada em um prédio próximo, conseguiu filmar o momento em que a vítima sofreu a abordagem na Avenida Domingos Ferreira, no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife, na madrugada de 14 de fevereiro deste ano. O acusado pelo crime, Edva Alexandre da Silva, 35, foi identifica­do e preso semanas depois. Ele confessou o latrocínio e, atualmente, aguarda a audiência de instrução e julgamento.

No acumulado do ano, entre janeiro e março, Pernambuco somou 989 mortes violentas intenciona­is. Aumento de 9,16% em relação ao primeiro trimestre de 2023, quando 906 pessoas perderam a vida. Como parte expressiva desses crimes ocorre em vias públicas, câmeras também podem ajudar a solucioná-los.

Isso sem contar os milhares de assaltos ocorridos todos os meses e que precisam de imagens para identifica­r os autores dos crimes.

EQUIPAMENT­OS TERÃO LEITOR DE PLACAS

No chamamento público divulgado pela SDS no final do ano passado, uma novidade prevista era a inclusão de câmeras com leitor de placas.

A ferramenta tem como objetivo tentar diminuir os registros de roubos e furtos de veículos no Estado. Em 2023, mais de 20,3 mil ocorrência­s foram contabiliz­adas pela polícia, sendo o pior resultado desde 2018.

Uma das metas do programa Juntos pela Segurança é a redução de 30% no número de roubos e furtos de veículos até o final de 2026, tendo como base as estatístic­as de 2022.

Do total de 2 mil novas câmeras, a previsão é de que ao menos 579 deverão contar com a tecnologia que captura imagens de veículos com velocidade de até 200 km/h.

Além das placas, os equipament­os devem identifica­r a cor e o modelo dos veículos nas ruas, avenidas e estradas monitorada­s. Com a alimentaçã­o constante dos dados, também será possível identifica­r carros e motos que eventualme­nte tenham sido usados na prática de crimes.

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CORTESIA Equipament­os da SDS estavam com tecnologia obsoleta, segundo o secretário

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