Jornal do Commercio

Justiça aceita denúncia e decreta prisão de PMS do Bope por homicídio

Juiz considerou que há provas suficiente­s para dar seguimento à ação penal. Policiais foram filmados invadindo casa, onde dois homens foram mortos, na comunidade do Detran, no Recife

- RAPHAEL GUERRA

AJustiça aceitou a denúncia do Ministério Público de Pernambuco( MP PE) e tornou ré usos seis policiais militaresd­o batalhão de operações Especiais (Bope) envolvidos na açã oque deixou dois homensmort­os na comunidade do Detran, na Iputinga, Zona Oeste do Recife, em 20 de novembrode 2023. aprisãopre­v entivados P MS também foi decretada na tarde de ontem.

“Adinâmica dos fatos ora apurados demonstra, em análise incipiente, violência e frieza justamente por parte de quem deveria promovera segurança, ante a condição de policiais militares dos acusados. A gravidade em concreto do fato, oques e colhepela condição de policiais militares, as circunstân­cias em que o fato se deu, conforme vídeo que instrui o feito, tudo denota a necessidad­e decretação da medida extremadap­risão preventiva ”, diz a decisão judicial, da 1ª Vara do tribunal do júri da capital.

“A violência que culmina com homicídios, mormente quando se tem como acusados policiais militares, a quem cabe o mister de zelar pela vida e segurança da população,guardiões da ordem e da paz sociais, deve ser considerad­a circunstân­cia que determina apronta intervençã­o doestado pela viada prisão preventiva”, aponta outro trecho.

A denúncia do MPPE foi enviada à Justiça na semana passada. Apesar de o inquérito conduzido pela Polícia Civil apontar que o duplo homicídio foi praticado por legítima defesa, o grupo de promotores que analisou as provas concluiu que as vítimas não reagiram à ação dos PMS.

Respondem pelo crime de homicídio qualificad­o (sem chance de defesa das vítimas) os policiais militaresc­arlos alberto de amorim Júnior, Ítalo José de Lucena Souza, Josias Andrade Silva Júnior, brunnomat teus berto Lacerda, Rafael de Alencar Sampaio e Lucas de Almeida Freire Albuquerqu­e Oliveira.

PROVAS

De acordo coma denúncia do MPPE, na noite do crime os policiais militares deveriamte­r se dirigi dopara a sede do 11º Batalhão, no bairro de Apipucos, mas “deixaram de desempenha­r amissão que lhes foi confiada, e seguiram, em três viaturas, com destino à área totalmente diversa da que deveriam seguir”.

A denúncia apontou que o PM Carlos Alberto foi o responsáve­l por arrombar aporta de entrada da casa. “No interior do imóvel, os denunciado­s renderam as pessoas que alise encontrava­m, retiraram do local mulherese crianças .(...) cumpre desta carque as testemunha­s relataram que, ao saírem do imóvel, as vítimas Bruno e Rhaldney estavam rendidas e desarmadas, de tal sorte que não teriam qualquer possibilid­ade de reação contra os denunciado­s”, disse o texto enviado à Justiça.

Uma câmera de segurança filmou o momento em que o sP MS invadiram acasa e amovi mentação na área externa. Depois foram ouvidos os tiros. Por fim, dois corpos enrolados em lençóis são retirados elevados nas viaturas.

As vítimas foram identifica­das como Bruno Henrique Vicente da silva, de 28 anos, e Rhaldneyfe­rnan desda silva Caluete, 32. Ambos já chegaram mortos à Unidade de Pronto Atendiment­o (UPA) da Caxangá, conforme laudos periciais.

ALTERAÇÃO DO LOCAL DO CRIME

A denúncia do MPPE indicou ainda que os policiais teriam alterado acenado crime para dificultar o trabalho dos investigad­ores.

“Após os vários disparos efetuados contra bruno henrique eRaldney,osd enunciados, com o intuito de dar ares de legalidade às ações homicidas, alteraram o local dos crimes, forjando para tanto, socorro às vítimas, já mortas, encaminhan­do-as à Upa da Caxangá, onde, todavia, atestaram os médicos que atenderam Bruno e Raldney, que ambos já deram entrada naquela unidade médica em óbito, o que pode ser constatado também pelas imagens captadas pela câmera insta ladano imóvel, a demonstrar­em amaneira como as vítimas foram colocadas na viatura, observando-se, que foram, praticamen­te, jogados na parte de trás do veículo.”

VERSÃO DE POLICIAIS NÃO SE SUSTENTOU

Logo após as mortes, nove militares do Bope se apresentar­am na sede do Departamen­to de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no bairro do Cordeiro, e relataram que os homens foram mortos porque reagiram à abordagem.

Os PMS disseram que, na ação, foram apreendido­s 527 gramas e mais 28 pequenas porções de maconha, 150 pedras de crack, uma balança de precisão, dois revólveres calibre 38 e 12 munições-sendo nove deflagrada­s.

Eles chegara maser liberados após os depoimento­s no DHPP. Mas, após análise das imagens da câmera de segurança, a Delegacia de Polícia Judiciária Militar identifico­u que aversão dos militares não se sustentava e determinou que os PMS fossem autuados em flagrante pelo crime militar de violação de domicílio.

Em audiência de custódia, a Justiça Militar determinou que seis PMS fossem presos preventiva­mente. Eles foram filmados entrando na casa. Outros três tiveram a liberdade provisória concedida.

Em dezembro, o grupo também foi denunciado à varada justiça militar pelos crimes de descumprim­ento demissão e violação de domicílio.durante audiência para ouvida de testemunha­s, a defesa dos seis P MS solicitou a liberdade provisória. O pedido,na ocasião, foi concedido.

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REPRODUÇÃO Registro de câmera foi fundamenta­l para ajudar na investigaç­ão

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