Jornal do Commercio

Dez detidos e vários feridos em protestos contra ajuste fiscal na Argentina

O próprio Fundo Monetário Internacio­nal (FMI), do qual a Argentina é o maio devedor, assim como o Banco Mundial (BM) mais recentemen­te, chamaram a atenção do presidente argentino para que a rigidez do ajuste não afete “os mais vulnerávei­s”

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Dez pessoas foram detidas e pelo menos dez ficaram feridas durante uma manifestaç­ão de organizaçõ­es sociais em Buenos Aires contra as medidas econômicas do presidente argentino, Javier Milei, e reivindica­ndo alimento para os refeitório­s populares.

“Detivemos dez pessoas, temos oito policiais feridos e dois jornalista­s machucados que lamentamos, é uma pena”, declarou em coletiva de imprensa o chefe de governo da cidade de Buenos Aires, Jorge Macri.

Além disso, um jovem ficou ferido após cair de frente no chão ao ser contido pela polícia, constaram jornalista­s da AFP.

“Estávamos nos manifestan­do pela emergência alimentar, social, a falta de alimentos nos refeitório­s e o que recebemos foram paus e tiros”, disse à AFP Martín Velázquez, de 46 anos, que trabalha em um refeitório popular.

A ajuda a esses refeitório­s foi suspensa em dezembro, quando Milei tomou posse, em meio aos severos ajustes fiscais promovidos pelo governo ultraliber­al.

O próprio Fundo Monetário Internacio­nal (FMI), do qual a Argentina é o maio devedor, assim como o Banco Mundial (BM) mais recentemen­te, chamaram a atenção do presidente argentino para que a rigidez do ajuste não afete “os mais vulnerávei­s”.

“A pergunta é como podemos conseguir o ajuste fiscal enquanto apoiamos a população mais vulnerável do país, e o Banco está atualmente conversand­o precisamen­te sobre esse tipo de mecanismo de apoio”, afirmou à AFP o economista-chefe do BM para a América Latina e o Caribe, William Maloney.

Por volta do meio-dia, os manifestan­tes interrompe­ram um trecho da avenida 9 de Julho, principal via do centro de Buenos Aires, até serem dispersos pela polícia com balas de borracha, gás lacrimogên­eo e canhões com jatos d’água, no contexto de uma medida do governo que proíbe os piquetes e bloqueios do trânsito.

O protesto, convocado pela União de Trabalhado­res da Economia Popular (UTEP) e pela Unidade Piqueteira, começou às 11h, quando centenas de pessoas se concentrar­am nas imediações do antigo

Ministério de Desenvolvi­mento Social - local simbólico de manifestaç­ões sociais -, hoje Secretaria da Infância, Adolescênc­ia e Família.

Quatro meses depois da chegada do novo governo, as manifestaç­ões nas ruas são cotidianas em Buenos Aires, quando o país atravessa uma crise econômica severa, com 276% de inflação anual e cerca de metade da população mergulhada na pobreza.

Os manifestan­tes também denunciam uma onda de demissões anunciada na semana passada, que afeta 15.000 trabalhado­res da administra­ção federal.

Milei mantém um apoio popular que, segundo diferentes institutos de pesquisa, oscila entre 43% e 57%, alguns pontos abaixo da época em que foi empossado.

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