Educação empreendedora é prioridade
O Brasil se acomoda, ano após ano, na posição 49, entre 132 países pesquisados. Urge priorizar a educação empreendedora no sistema educacional desde a educação infantil.
Oescritor,professore consultor administrativo, o austríaco Peter Drucker, grande guru da Administração, acreditava que o empreendedorismo pode ser desenvolvido e aprendido. É um modo de pensar e agir. O empreendedor precisa de um conjunto de habilidades e o indivíduo deve estar no lugar certo, no momento certo e com a atitude adequada para que esse desenvolvimento ocorra. A cultura empreendedora pode e deve ser introduzida e desenvolvida nos modelos de ensino da escola e da universidade, nos investimentos em pesquisa e nos programas de treinamentos profissionais.
O ecossistema do empreendedorismo representa a combinação das condições que moldam o contexto em que as atividades empreendedoras ocorrem. Entre elas, as políticas governamentais, o sistema de tributação, as políticas para incentivar a transferência de know-how e a dinâmica do mercado. Requer gestores públicos com mentalidade empreendedora e visão global.
O DNA dos empreendedores é composto por um conjunto de características: curiosidade, criatividade, intuição e visão. Acrescente-se motivação intrínseca, coragem para assumir risco, autoconfiança, perseverança, resiliência e ambição. São questionadores, mas abertos para receber os conselhos e as sugestões que agreguem às suas ideias. Ousam empreender fora da zona de conforto, estão dispostos a aprender sempre (lifelong learners) e desafiam a burocracia. Cercam-se de pessoasquecomplementam suas competências e habilidades; sabem lidar com um conjunto de atividades; têm objetivo claro de combinar ideias e recursos para criar vantagem competitiva sustentável.
Os empreendedores são agentes do progresso. São criadores de valor com capacidade de fazer acontecer. Identificam oportunidades e buscam a melhor maneira de fazer as coisas acontecerem, pensando além das restrições das regras e dos recursos existentes. Têm senso de urgência. Querem criar algo novo, transformar sonhos em realidade, que os gratifiquem. Enfim, são indivíduos que desenvolvem uma ideia a partir do zero e criam um empreendimento de sucesso, causando impacto socioeconômico. O empreendedor visualiza o resultado e se empenha em mobilizar os meios necessários para agilizar a implementação do seu desejo. Enxerga problemas como oportunidades, e é consciente que as soluções em escala global são complexas e exigem modos de pensar diferenciados.
No seu livro “Cinco Mentes para o Futuro”, o psicólogo cognitivo e educacional americano, professor da Harvard University, diz que os problemas tradicionais podem ser resolvidos com uma mente, a “mente disciplinada”. Entretanto, para resolver problemas complexos que motivam o empreendedor, são requeridas mais outros quatro tipos de mentes: a sintetizadora, a criadora, a respeitadora e a colaborativa.
O processo de aprendizagem para o empreendedorismo precisa iniciar na infância. Mas não numa em escola da era industrial. E sim, numa instituição com propósito de desenvolver as habilidades do século 21, criar experiências significativas, com metodologia baseada em projetos - PBL e um programa curricular transdisciplinar de empreendedorismo. Para estudantes do Ensino Médio, pode se agregar valor a educação empreendedora, através da promoção de palestras e workshops para os estudantes com empreendedores, bem como com o desenvolvimento de pesquisas e projetos práticos. A participação de gestores e professores em redes internacionais facilita o acesso ao conhecimento com referêcia global.
No âmbito da universidade, os alunos precisam estar integrados com o mundo empresarial, discutindo problemas nacionais e internacionais desafiadores. Se faz necessário uma revisão nos programas curriculares que ampliem as oportunidades dos estudantes cursarem disciplinas de outras áreas acadêmicas (think outside the building) de forma que permita graduação em mais de uma especialidade. É importante que a instituição tenha centro de empreendedorismo global que promova regularmente desafios para os alunos; e realize fóruns transdisciplinares que integrem as diferentes faculdades, como por exemplo arquitetura e marketing, engenharia e business, medicina e psicologia. Assim, alunos de todas as formações desenvolverão mentalidade holística e DNA empreendedor
Os países inovadores criaram ecossistemas como exposto e geram produtos e serviços em escala global. Área territorial e população não são fatores restritivos. No ranking global de inovação, Suiça e Singapura (minúsculas em área e população) e Estados Unidos (grande em área e população) estão entre os cincos países melhores classificações. O Brasil se acomoda, ano após ano, na posição 49, entre 132 países pesquisados. Urge priorizar a educação empreendedora no sistema educacional desde a educação infantil.