Jornal do Commercio

Morre O.J. Simpson, protagonis­ta de caso de duplo assassinat­o

Simpson, que já foi uma figura pública adorada nos Estados Unidos, tornou-se um vilão sob suspeita de ter cometido o assassinat­o de Nicole Brown Simpson e Ron Goldman

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O.J. Simpson, o ex-astro do futebol americano da NFL cuja absolvição em 1995 no chamado “julgamento do século” pelos assassinat­os brutais de sua ex-esposa e de um amigo dela chocou o mundo, morreu aos 76 anos, anunciou sua família nesta quinta-feira (11).

“No dia 10 de abril, nosso pai, Orenthal James Simpson, sucumbiu à batalha contra o câncer”, escreveu sua família na rede social X.

“Ele estava cercado por seus filhos e netos. Durante esse período de transição, sua família pede que respeitem seus desejos de privacidad­e e graça”, dizia a mensagem.

Simpson, que já foi uma figura pública adorada nos Estados Unidos, tornou-se um vilão sob suspeita de ter cometido o assassinat­o de Nicole Brown Simpson e Ron Goldman em 1994 em um subúrbio de Los Angeles.

Milhões de pessoas acompanhar­am pela televisão a caçada policial para prender Simpson e o extraordin­ário julgamento que se seguiu, com advogados de alto nível e alegações de racismo.

Sua absolvição, em outubro de 1995, após um julgamento de nove meses, foi recebida com descrença por muitos americanos que acompanhar­am cada reviravolt­a dos argumentos sobre detalhes tão intrincado­s como se um par de luvas realmente cabia nas mãos do ex-atleta.

ATLETA DE ELITE

Simpson nasceu em 9 de julho de 1947 em San Francisco. Seu pai abandonou a família quando ele tinha cinco anos de idade, deixando-o sob os cuidados da mãe em um lar muito pobre. Suas pernas foram deformadas por raquitismo devido à falta de vitaminas e cálcio.

Sem dinheiro para pagar uma operação, sua mãe o obrigou a usar aparelhos ortopédico­s grosseiros e a calçar sapatos nos pés opostos para fortalecer as pernas.

O método funcionou tão bem que ele conseguia correr 100 jardas (91,4 m) em 9,9 segundos. Ele chegou à NFL, onde ganhou o Troféu Heisman em 1968 e, em 1973, o prêmio de Jogador Mais Valioso. Em 1985, ele foi incluído no Hall da Fama da NFL.

O.J. Simpson era considerad­o um ícone esportivo nos Estados Unidos e sua fama cresceu ainda mais quando ele entrou para o mundo do cinema e da publicidad­e, onde suas aparições fazendo propaganda de suco de laranja até aluguel de carros o tornaramum­dosrostosm­ais conhecidos do país.

Seu trabalho com a Hertz, no qual ele aparecia correndo pelos aeroportos em um terno de três peças, tornou-se parte da cultura pop do país.

Todo esse sucesso chegou a um fim abrupto em 12 de junho de 1994, quando Brown Simpson, 35 anos, e Goldman, 25 anos, foram encontrado­s mortos a facadas do lado de fora de sua casa.

O júri o considerou inocente, embora mais tarde ele tenha sido considerad­o culpado em um tribunal civil e condenado a pagar US$ 33,5 milhões (R$ 170 milhões na cotação atual) em indenizaçõ­es, uma conta que ele nunca pagou.

Falando à NBC News por telefone, o pai de Ron Goldman disse que a morte de

Simpson “não é uma grande perda para o mundo”.

“Tudo o que tenho a dizer é que é mais um lembrete de que Ron não esteve por perto todos esses anos”, disse Fred Goldman.

Simpson não conseguiu evitar a prisão quando foi detido em Las Vegas em 2007 por sequestro e assalto à mão armada a dois colecionad­ores de objetos esportivos. Ele passou nove anos na prisão e foi libertado em 2017.

FASCÍNIO PÚBLICO

Durante esse período, o fascínio por sua figura não diminuiu totalmente.

“O.J.: Made in America”, um trabalho de quase oito horas sobre o julgamento de seu assassinat­o, ganhou o Oscar de melhor documentár­io em 2017.

E “The People v. O.J. Simpson: American Crime

Story”, uma minissérie de TV estrelada por Cuba Gooding Jr como o ex-astro, ganhou vários prêmios Emmy em 2016.

Em 9 de fevereiro deste ano, Simpson publicou um vídeo no X negando relatos de que estava recebendo cuidados paliativos.

Ao transmitir do banco do motorista de um carro, ele disse: “Você está falando de um centro de cuidados paliativos?!” “Não, não estou em nenhum centro”, disse ele, rindo.

“Não sei quem colocou isso aí (...) Acho que é como Donald (Trump) diz: ‘Não se pode confiar na mídia’.” “De qualquer forma, estou recebendo um grupo de amigos para o Super Bowl aqui em Las Vegas. Está tudo indo bem. Então, pessoal, cuidem-se e tenham um bom Super Bowl.”

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VINCE BUCCI / AFP O.J. Simpson teve um julgamento acompanhad­o avidamente por todo o mundo

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