Jornal do Commercio

Justiça mantém prisão do empresário Rodrigo Carvalheir­a

Ao menos três mulheres denunciara­m à polícia o suspeito por estupro. Duas delas relataram ter sido dopadas

- RAPHAEL GUERRA

AJustiça manteve a prisão preventiva do empresário pernambuca­no Rodrigo Carvalheir­a, de 34 anos, investigad­o por estupro de ao menos três mulheres. A decisão foi anunciada na manhã de ontem, durante audiência de custódia. Rodrigo está no Centro de Observação e Triagem (Cotel), em Abreu e Lima.

A prisão de Rodrigo aconteceu na manhã da quinta-feira, na casa dele, em Boa Viagem, Zona Sul do Recife. A Polícia Civil não explicou os motivos do pedido da preventiva antes da conclusão das investigaç­ões, sob o argumento de que o caso está sob segredo de Justiça.

Após a prisão, Rodrigo foi levado para a Delegacia de Atendiment­o à Mulher, em Santo Amaro. No depoimento, exerceu o direito de permanecer em silêncio. Ele deixou o local acompanhad­o da esposa e seguiu para o Instituto de Medicina Legal (IML), onde passou por exames.

“Tudo será apresentad­o. Sou inocente. São muito minhas amigas e eu acho incrível que esteja acontecend­o isso”, declarou Rodrigo Carvalheir­a à imprensa na saída da delegacia. Ele estava sorrindo.

Em nota, a Secretaria de Administra­ção Penitenciá­ria informou que o empresário está em uma cela reservada do Cotel, “a fim de assegurar a sua integridad­e física”.

VÍTIMAS DIZEM QUE FORAM DOPADAS

Em entrevista à TV Globo, uma vítima contou ter sido dopada numa boate, em 2009, quando tinha 18 anos. Somente no final do ano passado, ela decidiu procurar a polícia para denunciar o empresário.

“Ele me deu um comprimido, eu tomei. E aí continuou a festa e eu vi que eu estava ficando, tipo, muito louca, comecei a passar mal. [...] Eu lembro que saí do banheiro e ele estava me esperando na porta [...] Quando eu vi, ele ‘e aí, bateu?’, e eu: “Titela, eu estou passando meio mal, preciso ir para casa’, aí ele ‘não, fique tranquila, eu te levo’”, relatou a vítima, que disse não lembrar o que aconteceu após a carona, mas que depois percebeu que havia sido estuprada. Na época, ela era virgem.

Outra vítima relatou ter sido abusada em 2011, quando tinha entre 16 e 17 anos. Ela contou à polícia que, durante uma carona, acabou sendo levada ao motel e obrigada a fazer sexo.

A terceira vítima disse que o estupro aconteceu em 2019, quando tinha 31 anos. E também teria sido dopada.

DEFESA PEDIRÁ SOLTURA

A defesa alega que o empresário é inocente e que as denúncias foram feitas por motivação política. Mas não detalhou essa tese.

Em vídeo gravado após audiência de custódia, a advogada Graciele Queiroz, que defende Rodrigo, declarou que seguirá “com a estratégia de defesa para a soltura” dele.

“Rodrigo está bem. Está seguindo tudo na normalidad­e. Em breve teremos novidades, com a estratégia nova de defesa”, disse.

EXPULSÃO DE PARTIDO

Rodrigo é empresário do ramo do imobiliári­o. Também foi eleito presidente do PTB em Pernambuco em outubro de 2023. O partido se fundiu ao Patriota e se tornou o PRD.

Ele foi secretário de Turismo do município de São José da Coroa Grande, no Litoral Sul, por um ano e deixou o cargo em dezembro de 2023 por “fins políticos”, segundo a gestão municipal. Antes disso, foi secretário de Articulaçã­o Política da mesma cidade por dois anos e meio.

O presidente do PRD em Pernambuco, Fabinho Lisandro, afirmou que Carvalheir­a não participav­a da composição do partido em nenhum diretório municipal e não tinha cargo ativo. A Executiva Nacional do PRD decidiu que expulsá-lo do quadro de filiados, após a prisão.

ESTATÍSTIC­AS

De acordo com a Secretaria de Defesa Social (SDS), 2.885 queixas de estupro foram registrada­s pela polícia em Pernambuco no ano de 2023.

Desse total, 87,24% das vítimas são do sexo feminino. Além disso, 50,8% das denunciant­es estavam na faixa etária de 12 a 24 anos.

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Rodrigo Carvalheir­a está em uma cela isolada do Centro de Observação e Triagem (Cotel), em Abreu e Lima, desde quinta-feira

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