Jornal do Commercio

Amapá importa 1,7 bilhão de litros de diesel da Rússia, recolhe mais ICMS, mas ação de importador­as desperta suspeitas

Em 2023, o Amapá foi o 2º maior importador de diesel da Rússia – no ranking, atrás do Paraná e na frente de São Paulo.

- FERNANDO CASTILHO

Nos últimos 14 meses (entre 2023 e fevereiro de 2024), o Amapá se tornou o segundo maior importador de combustíve­is do Brasil (Diesel, Gasolina, óleo cru, outras naftas e outros óleos) vindo da Rússia quando foi registrada a entrada no país de 1,69 bilhões de litros num incremento de 716 milhões de litros entre os anos de 2023 sobre 2022.

No período, o Amapá, ao menos nos papel, importou nada menos que 877 milhões de litros a mais de Diesel A além outros 43 milhões de litros em outras naftas e 1,9 milhões de litros em outros tipos de óleos.

O fenômeno decorreu da prática de um regime especial de importação concedido pelo Governo do Estado e aproveitad­o por, ao menos seis empresas, que permitiu que a importação com destino de desembaraç­o aduaneiro para o estado fosse depois indicado para ser entregue no porto de Maceió (AL) mas que, a seguir alterado durante o transporte do porto de Maceió/al para Suape/ PE, sem que se façam os devidos ajustes no monitorame­nto de carga.

Entidades cobram ação do ministério da Justiça por suspeita de sonegação

Em 2023, o Amapá foi o 2º maior importador de diesel da Rússia – no ranking, atrás do Paraná e na frente de São Paulo, de acordo com a consultori­a Logcomex que analisa dados do setor.

Curiosamen­te, no Amapá as vendas mensais se mantiveram estáveis, sem influência dos picos de quantidade importada de Diesel A. Ou seja: os picos de importação não se refletiram no mercado local embora contabilme­nte tenham passado pelo Amapá a entrada de Diesel A foi de 1,38 bilhões de litros.

Graças a esse regime especial, os benefícios fiscais concedidos pelo estado do Amapá viabilizar­am um ganho financeiro da ordem de R$ 3 milhões, mas resultou num crédito presumido de 8% que fomentou ganhos tributário­s de até R$ 416 milhões às empresas que, no período, movimentar­am operações que envolvam a cobrança ICMS total da ordem de R$ 1,1 bilhão.

A questão da perda de receitas pelos demais estados em função dessas operações considerad­as suspeitas pelas secretaria­s de Fazenda dos estados foi o tema da reunião desta quinta-feira na reunião do Confaz em Fortaleza.

Nessa reunião, Pernambuco pediu a revisão das normas de desembaraç­o aduaneiro de combustíve­is derivados de petróleo de modo a se exigir dos importador­es requisitos previstos em convênios específico­s para essas operações.

Na 192ª Reunião Ordinária do Confaz foi apresentad­o um estudo do Instituto Combustíve­l Legal sobre a Concessão de Regime Especial na Importação em que pede a revisão processos para autorizaçã­o e para desembaraç­o de importação junto à Agência Nacional do Petróleo (ANP) e à Receita Federal.

Pede ainda a criação de paineis dinâmicos de acampament­os de importaçõe­s e integração de sistemas com aprimorame­nto de controles e fiscalizaç­ão assertiva alfandegár­ia e a uniformiza­ção dos procedimen­tos para cobrança do ICMS na entrada de bens ou mercadoria­s estrangeir­os no país.

Na reunião, Pernambuco propôs que quando o desembaraç­o aduaneiro de combustíve­is derivados de petróleo se verificar em território de unidade da Federação distinta daquela do importador, será exigida também a manifestaç­ão do Fisco da Unidade Federada de desembaraç­o da mercadoria em relação regularida­de do valor do imposto recolhido, quando devido, acompanhad­a da memória de cálculo

O estudo chama a atenção paras as importaçõe­s de seis empresas (Amapetro Trading Ltda., Refinaria Petróleo de Manguinhos, Father Trading, Alba Trading S.A., Ice Química-comercial E Axa Oil) que receberam Atos Declaratór­ios do Amapá, concedendo benefícios específico­s.

O cresciment­o das importaçõe­s de diesel russo foi objeto de matéria da Coluna JC Negócios nesta terça-feira (9) quando se revelou que o Amapá se tornou o maior importador de diesel da Rússia embora no Porto de Santana sequer exista um terminal de tancagem.

 ?? DIVULGAÇÃO ?? Porto de Santana Amapá, não tem capacidade de receber o óleo dos navios de combustíve­is líquidos, mas se tornou o maior importador do Norte e Nordeste de diesel procedente de portos da Rússia
DIVULGAÇÃO Porto de Santana Amapá, não tem capacidade de receber o óleo dos navios de combustíve­is líquidos, mas se tornou o maior importador do Norte e Nordeste de diesel procedente de portos da Rússia

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil