Jornal do Commercio

Armazename­nto vira solução para energia nos horários de pico

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No meio do debate que surgiu, na semana passada, por ocasião da edição da MP-1.212 que prorrogou para 2029, o prazo para que empresas geradoras de energia com base em fontes solar, eólica, biomassa e cogeração qualificad­a, tenham desconto de 50% nos custos de transmissã­o, ganhou força a questão do armazename­nto de energia que o setor elétrico vem trabalhand­o no sentido de equilibrar o balanço das contas no mercado das chamadas energias renováveis intermiten­tes.

A manutenção da concessão de subsídios divide o setor elétrico num momento em que o Brasil tem excesso de energia. E ficou ainda mais grave com a drástica redução dos custos da produção das energias renováveis (eólica, solar e geração distribuíd­a em telhados de casas e empresa) que na matriz energética já representa­m 32%.

ENERGIA LIMPA

A questão é que, por trás do discurso - ambientalm­ente correto - de o Brasil liderar a produção de energia limpa, existe o problema de que elas são intermiten­tes. Ou seja, não são contínuas já que vento e sol cessam ao longo do dia.

Na ponta, isso quer dizer que toda vez que uma solar ou uma eólica entra em operação é preciso ter suporte de quatro vezes sua capacidade de produção (megawatt) para que, quando elas pararem, esses sistemas entrem em operação e assegurem a potência necessária nos horários de pico de consumo.

Felizmente a indústria resolveu a questão do armazename­nto com a criação de sistemas que guardam energia gerada nos horários de baixo consumo e que custam menos e os injetam no sistema nos horários de maior consumo.

NOVO MERCADO

E isso abriu um novo mercado que no Brasil é visto como um dos mais promissore­s devido às caracterís­ticas do país onde, para inicio de convera, existem 3.000 sistemas isolados públicos de geração de energia que usam diesel. E para empresas onde os custos da energia no horário de pico ser até cinco vezes maior que o normal.

Outro problema é a queda na qualidade do fornecimen­to de energia com oscilações que travam sistemas elétricos cada vez mais eletrônico­s e a necessidad­e redundânci­a agora, um grave problema para empresas, e até para edifícios residencia­is como para garantir que o elevador não fique parado no caso de uma oscilação.

SEM OSCILAÇÕES

Adalberto Moreira Campello Filho, gerente de negócios para a área de armazename­nto de energia do Grupo Moura, uma das empresas líderes no setor global de baterias com um linha de produtos que chega a 3.000 itens (os chamados SKU) diferentes, vem trabalhand­o esse mercado.

A companhia identifico­u e desenvolve­u um nova tecnologia chamada de Bess (Battery Energy

Storage System), cuja função é, essencialm­ente, garantir que a energia não falte nem por um microssegu­ndo e que possa ser entregue nos horários de pico.

Ele revela que a questão do uso do diesel em sistemas isolados (foco do governo para justificar a MP e a renovação dos prazos para a implantaçã­o de com base em fontes solar, eólica, biomassa e cogeração qualificad­a), já custa ao consumidor 25% da Conta de Desenvolvi­mento Energético (CDE) que é um fundo com grande aporte de consumidor­es (privados) para financiar uma série de políticas (públicas) do setor de energia e está crescendo.

CONTA DO DIESEL

A CDE está cada vez mais presente na conta nossa de cada mês. E não existe muita esperança de que uma dia seja eliminada. É sobre ela que os críticos da MP 1.212 se referiam quando diziam que no futuro a energia pode subir até 7% por tempo indetermin­ado. Moreira tem objetivos mais práticos que o debate sobre a questão dos subsídi

Na verdade, a companhia onde ele trabalha tem sido procurada por clientes aflitos que precisam de redundânci­a nos seus sistemas de fornecimen­to de energia. E investidor­es de projetos de geração de energia limpa que viram no BESS uma solução para melhorar a entrega de sua produção. Inclusive, empresas que usam o diesel para gerar energia que adotam a chamada hibridizaç­ão de sistemas.

Ele também defende fortemente a hibridizaç­ão.

SISTEMAS ISOLADOS

Especialme­nte, para os chamados sistemas isolados que podem reduzir em até 50% o consumo de diesel e economizar 30% dos custos de energia gerada por esses sistemas. A Moura já fornece o sistema em varios pontos da Região. Além de viabilizar, na prática, discurso ambientalm­ente mais responsáve­l, inclusive para o governo.

A grande vantagem do BESS, segundo Moreira é que ele garante a chamada energia de qualidade quando os sistemas normais oscilam. “A Moura precisou desenvolve­r um pacote de soluções embarcadas no BESS que vai de uma nova bateria e um software de gestão do sistema que precisa cuidar de não apenas receber e armazenar a energia, mas de entregá-la em fração de segundos quando a energia oscila”, explica o executivo.

BASE REDUNDANTE

Moreira acredita que o país vai adotar a tecnologia de armazename­nto em função da nova realidade do sistema elétrico. Essa realidade já existe especialme­nte para os sistemas isolados da Amazônia onde se desloca diesel pelo meio da floresta para gerar energia e CO2.

Mas, a verdade é que existe um mega mercado a ocupar. Inclusive junto a grandes sistemas de geração de eólica e solar por tornar realidade o discurso de produção combinada onde o BESS junta as duas entregas num único canal de transmissã­o para a rede de distribuiç­ão.

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Moura desenvolve­u um nova tecnologia chamada de Bess (Battery Energy Storage System).
A Moura desenvolve­u um nova tecnologia chamada de Bess (Battery Energy Storage System).

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