O que vem por aí?
Ataque de pelo menos duas centenas de drones e mísseis iranianos contra o território israelense provoca temor mundial
Ainda sem muitas informações acerca dos reais estragos do lançamento de bombas do Irã contra Israel, nas últimas horas, bem como da dimensão da reação do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu em termos bélicos contra os iranianos, o mundo inteiro permanece sob forte tensão. As perspectivas não são claras, tanto sobre as consequências políticas da iniciativa, quanto aos desdobramentos concretos, imediatos ou não, na direção de uma escalada a partir de eventual conflito direto entre os dois países. A condenação maciça do Ocidente é acompanhada pelo receio do ingovernável Netanyahu, que pode aproveitar a deixa para acelerar a destruição da Faixa de Gaza, ou comprar a briga e enviar artilharias de mísseis contra o Irã.
Como o governo iraniano sabia que a maioria dos drones e mísseis seria interceptada pelo sistema de defesa construído com apoio dos Estados Unidos em Israel, a expectativa se volta ao revide dos israelenses, depois do revide do Irã pelo ataque israelense ao consulado do país na Síria. Se mandar mísseis contra Teerã, Netanyahu pode desencadear uma reação em cadeia em toda a região, envolvendo grupos terroristas baseados em outros países, que apoiam o regime iraniano. Por outro lado, não responder à ameaça que riscou o céu amedrontando os israelenses pode ser considerada uma atitude de vulnerabilidade e prejuízo político para o primeiro-ministro. Nesse momento, a posição norte-americana, traduzida pelo presidente Joe Biden, tem tudo para ser decisiva, caso Netanyahu, desta vez, dê ouvidos à Casa Branca – e tudo indica que Biden prefere não afiançar a escalada, em virtude do calendário eleitoral nos EUA.
A guerra sem exércitos no solo parece um videogame para líderes confortavelmente protegidos a muitos quilômetros de distância, enquanto os armamentos se chocam no ar, ou caem sobre seus alvos. No entanto, as próximas fases do jogo reservam lances trágicos em escala desconhecida, pois basta um míssil atingir uma área povoada para a mobilização de guerra crescer, com o respaldo de populações feridas e em luto. Parcela dos iranianos foi às ruas, mesmo sem saber o resultado dos ataques perpetrados por seu governo, comemorar o lançamento das bombas na direção de Israel. Assim como a invasão de Gaza contou com o apoio da maioria dos israelenses, logo após o atentado do Hamas, em outubro.
Para o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Antonio Guterrez, há um perigo real de escalada na região. O chefe da ONU pediu moderação de todas as partes, a fim de evitar a multiplicação de confrontos no Oriente Médio. A situação de descontrole em alguns países, nos quais os terroristas se agrupam e se armam sem serem incomodados pelos governos, é um fator a mais de preocupação para o que vem por aí. Embora o Irã tenha dado a resposta como concluída, e declarado que não haverá novos ataques, a não ser que seja atacado em represália à chuva de drones, a indefinição do futuro próximo continua, à mercê das ações e reações em curso.