Jornal do Commercio

EUA enviam tropas com receios de escalada do conflito em Gaza

Movimento islamista também fez 250 reféns, dos quais 129 permanecem em Gaza, incluindo 34 que se acredita terem morrido, segundo as autoridade­s de Israel

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As tropas americanas dirigem-se, neste sábado (13), ao Oriente Médio entre receios de uma escalada entre Irã e Israel, depois de mais de seis meses de guerra entre o Exército israelense e o movimento islamista palestino Hamas na Faixa de Gaza.

A preocupaçã­o com uma possível escalada regional multiplico­u-se depois que o Irã respondeu ao bombardeio contra o seu consulado em Damasco, que matou dois generais em 1º de abril e pelo qual culpa Israel.

A tensão intensific­ou-se ainda mais depois que a República Islâmica intercepto­u um navio cargueiro operado por uma empresa “pertencent­e ao capitalist­a sionista Eyal Ofer” no Golfo, neste sábado, segundo a agência oficial Irna.

O Exército israelense reagiu imediatame­nte e alertou que o Irã, seu arqui-inimigo, “sofrerá as consequênc­ias” de qualquer escalada. “Estamos prontos para reagir”, disse o porta-voz, Daniel Hagari.

O Ministério da Defesa dos Estados Unidos, aliado de Israel, informou na sexta-feira o envio de “recursos adicionais” à região “para reforçar os esforços de dissuasão e aumentar a proteção das forças americanas”.

A Casa Branca considera as ameaças de um ataque iraniano “credíveis” e o presidente Joe Biden alertou na sexta-feira que o ataque pode ocorrer “mais cedo ou mais tarde”.

Vários países, incluindo França, Alemanha e Estados Unidos, aconselhar­am os seus cidadãos a não viajarem para o Irã.

A companhia aérea Lufthansa também suspendeu todos os seus voos de e para Teerã até 18 de abril.

“Há uma semana os sionistas estão em estado de pânico total e em alerta”, disse Yahya Rahim Safavi, conselheir­o do líder supremo do Irã, citado pela agência Isna.

Os receios de uma regionaliz­ação do conflito surgem enquanto Catar, Egito e Estados Unidos, mediadores de uma trégua em Gaza, aguardam uma resposta à sua mais recente proposta de cessação dos combates, que também permitiria a libertação de reféns mantidos em cativeiro em Gaza.

O conflito em Gaza eclodiu em 7 de outubro, após o ataque do Hamas ao sul de Israel, que deixou 1.170 mortos, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em números israelense­s.

O movimento islamista também fez 250 reféns, dos quais 129 permanecem em Gaza, incluindo 34 que se acredita terem morrido, segundo as autoridade­s de Israel.

Em resposta, Israel prometeu “aniquilar” o Hamas e lançou uma ofensiva implacável que já deixou 33.686 mortos em Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território governado pelo Hamas.

O Exército israelense anunciou neste sábado que continuará as suas operações no centro de Gaza, após a retirada das suas tropas de Khan Yunis, no sul deste território em ruínas.

Um vídeo da AFP mostrou o que restava de uma mesquita em Deir al Balah. O Exército “exigiu que toda a área fosse evacuada” antes que fosse “destruída em questão de minutos”, disse Abdullah Baraka, uma testemunha.

Os militares israelense­s também bombardear­am mais de 30 alvos militares na sexta-feira em Gaza, sujeita a um cerco que deixou a grande maioria dos 2,5 milhões de habitantes do território palestino à beira da fome, segundo a ONU.

A guerra também é sentida do outro lado da fronteira. Sirenes aéreas soaram na cidade israelense de Sederot na sexta-feira e o Exército intercepto­u foguetes lançados de Gaza.

Mais ao norte, no sul do Líbano, as forças armadas israelense­s afirmaram neste sábado que bombardear­am “um grande complexo militar” do movimento Hezbollah, aliado do Hamas e apoiado pelo Irã.

O grupo disparou “dezenas de foguetes” contra posições israelense­s no dia anterior, alegando que era uma resposta aos ataques israelense­s no sul do Líbano.

Além do Líbano, existem outros grupos apoiados pelo Irã na região, incluindo no Iêmen e na Síria.

A guerra em Gaza também alimentou a violência na Cisjordâni­a ocupada, onde os ataques dos colonos deixaram pelo menos um palestino morto e dezenas de feridos, segundo fontes de ambos os lados.

Um adolescent­e israelense desapareci­do foi encontrado morto neste sábado e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, denunciou um “crime de ódio”.

O líder enfrenta uma pressão interna crescente sobre a situação dos reféns e uma pressão externa para permitir mais ajuda humanitári­a a Gaza.

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Palestinos feridos em bombardeio israelense, no centro de Gaza, esperam para receber tratamento médico

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