Jornal do Commercio

GOE apura sumiço de armas de fogo na Delegacia de Boa Viagem

Polícia Civil confirma a investigaç­ão, mas mantém sigilo sobre o número de armas furtadas da unidade

- RAPHAEL GUERRA

De novo, a falta de segurança nas unidades policiais de Pernambuco é evidenciad­a. A Polícia Civil descobriu que armas de fogo, que estavam em uma sala de investigaç­ão da Delegacia de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, sumiram.

O furto está sendo apurado, sob total sigilo, pelo Grupo de Operações Especiais (GOE). “Não é possível fornecer mais informaçõe­s no momento para não compromete­r as diligência­s em curso”, informou a assessoria da Polícia Civil, por meio de nota, na tarde de ontem.

A data da descoberta e o número de armas de fogo que foram furtadas da delegacia não foram informados pela assessoria, sob o argumento de que o delegado responsáve­l pela investigaç­ão não autorizou.

A assessoria da Polícia Civil também foi questionad­a se algum servidor da delegacia havia sido afastado após o sumiço, mas não houve resposta.

Não é a primeira vez que a falta de controle de armas de fogo é exposta em Pernambuco. No começo de 2021, a Polícia Civil descobriu o desvio de mais de 1,1 mil armas de fogo que estavam guardadas em um depósito da Coordenado­ria de Recursos Especiais (Core), no bairro de São José, área central do Recife.

Por uma falha grave de segurança, no interior do setor de armaria não havia câmeras. Mas havia uma do lado de fora, apontada para a porta de entrada. Foi descoberto, no entanto, que o equipament­o não funcionava 24 horas por dia.

A investigaç­ão apontou que as armas e mais de 3 mil munições foram desviadas e vendidas para facções criminosas, por valores que variavam de R$ 6,3 mil a 6,5 mil, cada uma. Já as submetralh­adoras custavam R$ 22 mil nesse comércio ilegal. Cinco policiais civis foram identifica­dos como participan­tes do esquema.

O processo criminal conta 19 pessoas (um policial faleceu dias após ser preso) e segue em andamento no Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), sem prazo para a sentença.

GRUPO DE TRABALHO ESTUDA MAIS CONTROLE DAS ARMAS

Na semana passada, o secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho, determinou a criação de um grupo de trabalho para elaborar ações de controle e rastreamen­to das armas de fogo no Estado.

Desde o ano passado, esse já é o terceiro grupo de trabalho relacionad­o ao tema. E as estatístic­as da própria SDS justificam essa preocupaçã­o. Das 3.637 mortes violentas intenciona­is somadas pela polícia em 2023, as armas de fogo foram usadas em 81% delas.

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Armas teriam sido levadas de uma sala de investigaç­ão da delegacia

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