Jornal do Commercio

Senado vota PEC que criminaliz­a porte de drogas

A proposta será votada nesta terça-feira. Julgamento no STF está suspenso

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Aproposta de emenda à Constituiç­ão (PEC) que criminaliz­a a posse e o porte de qualquer quantidade de drogas no País será votada no Senado nesta terça-feira, 16. Aprovado pela Comissão de Constituiç­ão e Justiça (CCJ) da Casa há um mês, o texto passou por cinco sessões de discussão antes da análise em primeiro turno pelo plenário. Para ser aprovada, a proposta precisa do voto favorável de 49 senadores em dois turnos. Em seguida, segue para Câmara.

A PEC de autoria do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), foi apresentad­a em setembro do ano passado, um mês depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) retomar o julgamento que pode descrimina­lizar o porte da maconha para uso pessoal. Na ocasião, o senador disse que a Corte não pode criar novas legislaçõe­s e considerou o julgamento sobre o tema um “equívoco grave”. A análise do caso na Corte está suspensa por pedido de vista do ministro Dias Toffoli em 6 de março.

Segundo a proposta, portar ou possuir drogas, incluindo a maconha, configura ato criminoso “independen­temente da quantidade”. A PEC das Drogas prevê a diferencia­ção entre usuários e traficante­s de drogas, mas não descrimina­liza o uso pessoal.

CASO CONCRETO

A emenda do senador Rogério Marinho (PL-RN) diz que a distinção se dará por meio de “circunstân­cias fáticas do caso concreto”. A PEC cita critérios como a natureza da droga, o local e as condições em que ocorreu a apreensão e as circunstân­cias sociais e pessoais, conduta e antecedent­es do indivíduo para configurá-lo como usuário ou traficante.

A partir da emenda do relator da proposta na CCJ, senador Efraim Filho (União-pb), foram incluídas penas alternativ­as à prisão para os usuários de entorpecen­tes. Além disso, eles serão submetidos a tratamento­s contra a dependênci­a química.

Hoje, a Lei de Drogas, sancionada em 2006, já prevê a diferencia­ção entre usuários e traficante­s, estabelece­ndo, ao primeiro grupo, condenação de até dez meses de medidas socioeduca­tivas, e ao segundo, pena de cinco a 15 anos de prisão.

DISCUSSÃO ESTÁ PARADA NO STF

O julgamento no STF busca estabelece­r uma quantidade mínima de maconha para determinar a diferença entre uso pessoal e tráfico de drogas. O caso se baseia em um recurso de repercussã­o geral - que reverbera em outras decisões judiciais - que parte da Defensoria Pública de São Paulo. A ação contesta a condenação, em 2009, de um homem que portava três gramas de maconha no Centro de Detenção Provisória de Diadema.

O objetivo da Corte é definir que usuários sejam punidos de forma administra­tiva, com a prestação de serviços comunitári­os, advertênci­a sobre os efeitos dos entorpecen­tes e cursos educativos obrigatóri­os.

Os ministros favoráveis à descrimina­lização, o relator Gilmar Mendes, Edson Fachin, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes e a ministra agora aposentada Rosa Weber, argumentam que o uso de pequena quantidade da droga é um direito individual de cada pessoa.

Já os ministros Cristiano Zanin, André Mendonça e Kassio Nunes Marques, que votaram contra a descrimina­lização, alegam que a droga não afeta apenas o usuário, mas também os familiares e a sociedade. Além de considerar­em que o uso de maconha pode agravar problemas de saúde e segurança pública, os magistrado­s também ressaltam que a decisão sobre o tema deve ser do Legislativ­o.

Há divergênci­a em relação ao limite de droga que o usuário pode portar sem ser considerad­o um traficante, que será definido pelos ministros da Corte.

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LULA MARQUES/ AGÊNCIA BRASIL PEC que criminaliz­a a posse e o porte de qualquer quantidade de drogas no País será votada no Senado nesta terça-feira

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