Jornal do Commercio

O Brasil que não segue adiante porque STF, petistas e bolsonaris­tas não deixam

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Virtual presidente do Senado em 2025, Davi Alcolumbre (UBAP) tem feito questão de avisar que não vai segurar qualquer ação dos senadores contra o Supremo Tribunal Federal. Tem mais: se os bolsonaris­tas tiverem maioria na Casa após a eleição de 2026 será difícil evitar, por exemplo, até o impeachmen­t de algum magistrado do STF.

PRESIDENTE

Alcolumbre, cabe explicar, é favorito para voltar a presidir a Casa porque sabe lidar muito bem com a direita e com a esquerda. Quando comandou o Senado pela primeira vez teve boa relação com Bolsonaro (PL), então presidente.

Se chegar ao posto outra vez, será com apoio do PL bolsonaris­ta e do PT, unidos. Nesses tempos de polarizaçã­o, é um feito que só é possível no legislativ­o quando ambos os partidos estão ganhando muito com isso. E estão.

STF TAMBÉM

Agora, querem saber com quem Alcolumbre também se dá muito bem, apesar dos alertas em tom grave? Com o STF. O futuro presidente do Senado tem interlocuç­ão com os principais ministros da suprema corte.

O senador amapaense é esperto, usa o ódio bolsonaris­ta ao STF para conseguir votos do PL, o medo lulista para conseguir votos do PT e verbas do governo, enquanto garante aos ministros do Supremo que eles não precisam se preocupar.

Alcolumbre vai ser presidente do Senado porque assim todos ganham, inclusive ele.

LIBEREM O BRASIL

Mas o alerta coloca luz sobre uma outra frase, dita há alguns dias pelo presidente nacional da OAB, Beto Simonetti: “o Supremo tem que voltar a ser menos proeminent­e e virar a página, deixando o Brasil seguir adiante”.

É uma declaração tão necessária que é possível ampliar o pensamento do advogado para dizer a todos os que tentam manter o Brasil dentro desse atoleiro pseudoideo­lógico numa sociedade ajoelhada aos holofotes: por favor, deixem o Brasil, enfim, seguir adiante.

ESTAGNADOS

O país passou quatro anos, de 2019 até 2022, aprisionad­o na eleição de 2018, com suas facadas, conspiraçõ­es, fascismos e comunismos de imaginação, com uma pandemia e com centenas de milhares de mortes no meio.

Agora, voltamos a ficar estagnados. Ficamos paralisado­s no dia 8 de janeiro de 2023 a quase um ano e meio e nunca mais andamos. Não há justificat­iva plausível para se amarrar assim um país desse tamanho e com o potencial que temos.

ATÉ QUANDO?

É verdade que os riscos extremos costumam ser argumentos válidos para as medidas extremas. Isso não se discute.

Houve um ataque à democracia em janeiro de 2023 e medidas punitivas exemplarme­nte duras precisavam ser tomadas. Isso também não se discute.

Mas a discussão é sobre a duração dessas medidas e a necessidad­e que os responsáve­is pelo processo parecem ter de alongá-las. Vai se chegar a um ponto em que será necessário perguntar se ainda se estará fazendo justiça ou se serão apenas atos de publicidad­e e autopromoç­ão as operações originadas no Supremo.

Antes disso, antes de se precisar fazer essa pergunta, o Judiciário precisa liberar o país para seguir adiante.

JUÍZA

Um exemplo muito claro foi o afastament­o da juíza Gabriela Hardt pelo Conselho Nacional de Justiça, que depois acabou sendo revertido com a interferên­cia do presidente do STF (e do CNJ), Luís Roberto Barroso.

A magistrada foi a substituta de Sergio Moro, um “grande pecado”, e estava sendo acusada por Gleisi Hoffmann, através do PT, de ter aprovado a homologaçã­o de um acordo entre a Petrobras e o Ministério Público Federal para a criação de uma fundação que serviria para combater a corrupção, ligada à Lava Jato.

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Davi Alcolumbre

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